O evento online contou com o contributo de algumas figuras destacáveis do sector, tais como Filipa Cicio (Diretora de Marketing da BMcar); Sandra Meira (Gerente da Meirauto); Sandrina Reis (Gerente da Amilcareis); Rita Araújo (Founder da RVA Consulting); Maria Neffe (Departmento Económico Estatístico ACAP), além de Luiza Carvalho (Business Analyst do Standvirtual) e Nuno C. Branco (Diretor Geral do Standvirtual).
No webinar, ficou a saber-se que houve uma quebra no registo de carros usados (12%) em agosto face ao período homólogo de 2020 e de 10% em relação a 2019. Foi também assinalado uma quebra global (14%) na transferência de propriedade no período de janeiro a agosto deste ano, comparativamente ao mesmo período de 2019 e também de 2020.
Foi registado a existência de uma progressiva diminuição do stock de carros mais baratos até 10 mil euros (cerca de 21% do share de anúncios) e entre os 10-20 mil euros (cerca de 41%), continuando a aumentar a representatividade dos carros acima dos 20 mil euros, atualmente com cerca de 37% do share de anúncios (26% em final de 2019).
Relativamente ao mercado de novos (ligeiros e pesados), há uma quebra de 20,5% em setembro face a setembro de 2020, mas com um crescimento de 7,4% em comparação com o acumulado de janeiro a setembro de 2020. No entanto, a análise relativa a 2019 pré-pandemia mostra uma queda de 27,7% em setembro de 2021 e de 33,9% no acumulado do ano até ao momento.
O webinar teve como principal objetivo divulgar os números e analisar alguns dos temas mais relevantes do mercado automóvel com um painel predominantemente feminino.
Para Filipa Cicio, Diretora de Marketing da BMcar, as dificuldades de abastecimento não afetaram particularmente a empresa, porque planearam antecipadamente esta eventual dificuldade e, inclusivamente, “setembro foi o melhor mês em termos de vendas. Vendemos 430 viaturas, o que permitiu em acumulado um crescimento de 40% face a 2020”. Acrescenta ainda que há cada vez mais vendas digitais, com “11% das vendas da BMcar a realizarem-se desta forma. O nosso site tem as mesmas valências que as localizações físicas, assentes no pressuposto da proximidade com os clientes”.
Já Sandra Meira, Gerente da Meirauto, foca mais o tema das importações, pois “90% dos carros que temos são importados. O que eu vejo não é falta de carros mas o aumento de preços e acredito que estes valores vão permanecer e não vão voltar para trás”, mencionando ainda uma grande dificuldade com as homologações: “temos conseguido gerir, mas acontece não ser possível entregar carros por falta de homologação. Cada vez mais as pessoas veem os importados como solução e existe esta barreira no IMT”.
Falando também das importações, Sandrina Reis, Gerente da Amilcareis, refere que “para além dos carros nacionais que temos, estamos a recorrer também ao importado, ao qual sempre recorremos mas para carros específicos e encomendas. No entanto, está a acontecer o mesmo que aqui e torna-se mais difícil. Estamos a ver cada vez mais o fornecedor com dificuldades em entregar os carros, embora presentemente não tenhamos quebra de vendas, apesar do stock mais curto”, acrescentando ainda que “o que sentimos também é que existe mais agressividade na parte do financiamento, o que nos tira alguma margem”.
Rita Araújo, Founder da RVA Consulting, salienta que “nos próximos cinco anos vamos assistir a uma revolução no mercado automóvel à qual não assistimos nos últimos 50 anos”. “Vamos ter um aumento de diesel no mercado de usados e eles vão ter de ser escoados, mas cada vez mais vamos ter um aumento exponencial de viaturas elétricas, plug-in e híbridos. Assistimos recentemente a uma tecnologia de transformação de veículos diesel usados em híbridos, o que é uma solução interessante”. Sobre o digital, sublinha a sua extrema importância no futuro e o facto de conseguir “captar a atenção do cliente de forma que um concessionário não consegue”.
Por fim, Carla Abreu, que integra a equipa do Standvirtual depois do programa Volante – SIC, conclui que “o setor automóvel nos últimos 5 a 10 anos abraçou grandes mudanças com a eletrificação e o investimento em I&D. A Covid-19 veio trazer mais desafios, mas os desafios da sustentabilidade e os elétricos vão ser o futuro, porque os potenciais compradores estão mais sensíveis a carros ecológicos”. Relativamente à compra de carro, “é necessário que os sites dos concessionários se tornem passiveis de fazer uma transação online e o futuro tem de passar pela compra digital”.