Volkswagen T-Roc: de Portugal para o mundo

há 2 horas atrás - 17 Dezembro 2025, turbo
Volkswagen T-Roc: de Portugal para o mundo
Depois de décadas de sucesso como campeão de vendas, o Volkswagen Golf tem um sucessor à altura. Desenhado na Alemanha, mas produzido em Portugal, a fábrica da Autoeuropa em Palmela, onde é construído, foi local indicado para a apresentação internacional do novo T-Roc. Preços a partir de 33.444 euros.

“O Volkswagen T-Roc não é apenas o modelo mais vendido da marca, mas também o mais relevante para a exportação em Portugal”, afirma Florian Pupeter, diretor-geral da SIVA. Na fábrica da Volkswagen Autoeuropa, cerca de 5.000 colaboradores (4.842 atualmente) asseguram a produção simultânea da geração anterior — que continua a ser montada — e da nova geração do T-Roc. Para além do SUV, a unidade produz ainda peças prensadas e ferramentas para vários modelos do Grupo Volkswagen, incluindo a Porsche.

Logística de alta precisão
Integrada num parque industrial com 15 fornecedores a operar em regime “Just in Time”, a fábrica beneficia de uma logística altamente eficiente. Em alguns casos, os fornecedores recebem a lista de componentes necessários apenas duas horas antes do início da produção. Não surpreende, por isso, que 99% da produção esteja destinada à exportação.

Em 2024, a Autoeuropa produziu 236.100 unidades do T-Roc, mantendo um ritmo diário próximo dos 1.000 veículos. Líder de vendas no segmento SUV na Europa, a Volkswagen vendeu cerca de 141 mil unidades do modelo entre 1 de janeiro e 31 de agosto, ultrapassando já as 200 mil unidades vendidas no total do ano.

A segunda geração do T-Roc será lançada com uma gama exclusivamente composta por motorizações mild-hybrid, que mais tarde será alargada a híbridos completos e a uma versão desportiva «R». Não estão previstas variantes 100% elétricas e todas as versões contarão com uma caixa automática de dupla embraiagem de sete velocidades.

Adeus ao 1.0, olá ao 1.5 TSI
A substituição do motor 1.0 a gasolina pelo 1.5 TSI — com exceção do 2.0 eTSI reservado às versões 4Motion de 204 cv e R de 333 cv — foi uma decisão estratégica para a Volkswagen. O 1.5 passa a ser a motorização central da gama e marca também a estreia do T-Roc como o primeiro Volkswagen com uma oferta integralmente híbrida.

Em 2026 chega o novo sistema full hybrid, igualmente associado ao motor 1.5 litros, com potências de 136 e 170 cv. Em 2027 será lançada a versão T-Roc R, equipada com um motor 2.0 de quatro cilindros apoiado por um sistema mild-hybrid, com 333 cv. Para já, o lançamento comercial faz-se com o 1.5 eTSI mild-hybrid de 48 V, disponível com 116 e 150 cv — ambas as versões testadas pela revista Turbo num percurso entre Cascais e Palmela.

Desempenho equilibrado
A versão de entrada acelera dos 0 aos 100 km/h em 10,5 segundos. Já a variante mais potente, com 148 cv, reduz esse tempo para 8,9 segundos. Apesar de pouco impressionantes no papel, estes valores traduzem-se numa resposta pronta graças à combinação de um turbocompressor de geometria variável (VTG) com o apoio do sistema mild-hybrid, especialmente eficaz a baixos regimes.

Condução fácil e confiante
A posição de condução elevada, típica de um crossover, oferece boa visibilidade sem comprometer a agilidade. As dimensões compactas e o capô baixo fazem com que o T-Roc seja fácil de manobrar, mesmo em ambiente urbano. A direção leve e rápida contribui para uma condução descontraída no trânsito.

No geral, o comportamento transmite confiança e equilíbrio, embora a caixa de dupla embraiagem nem sempre responda da melhor forma a solicitações mais bruscas. Em condução fluida, no entanto, o seu desempenho revela-se bastante mais consistente.

Consumos realistas
A Volkswagen anuncia consumos até 4,6 l/100 km. Durante o ensaio com um T-Roc R-Line de 148 cv e jantes de 19 polegadas, foi possível registar uma média próxima dos 5,1 l/100 km, um valor alcançável em condições favoráveis.

O sistema mild-hybrid é simples e intuitivo: o stop-start funciona de forma suave, a caixa desengata sempre que possível e o motor pode desligar dois dos quatro cilindros, contribuindo para uma redução efetiva dos consumos.

Design evolutivo
O T-Roc mantém elementos distintivos como o friso em forma de “taco de hóquei” acima das janelas, os pilares C robustos e a carroçaria bicolor. A principal novidade está nos grupos óticos dianteiros e traseiros, agora mais elegantes, com barras de luz e emblemas iluminados.

É no habitáculo que a evolução é mais evidente. O novo interior representa um salto qualitativo significativo e demonstra que a Volkswagen ouviu os seus clientes. O design é simples e funcional, com um painel de instrumentos limpo e um ecrã central bem integrado.

Mais qualidade e conforto
A nova faixa em tecido acolchoado no painel, com textura inspirada em calçado desportivo, substitui o plástico rígido da geração anterior. Há mais materiais suaves ao toque nas portas e opções de acabamentos em cinzento-claro, criando um ambiente mais luminoso.

O T-Roc é o Volkswagen com maior utilização de materiais reciclados: cerca de 40 kg, o equivalente a 16% da massa plástica total, distribuídos por aproximadamente 140 componentes.

Tecnologia de última geração
Toda a gama inclui dois ecrãs: um painel digital de 10 polegadas e um ecrã tátil de 10,3 ou 13 polegadas para o sistema multimédia, que integra controlo por voz e ChatGPT. Apesar de manter os controlos deslizantes para volume e climatização, o sistema é agora mais rápido e intuitivo.

Destaque para o botão físico de volume programável, que pode também alterar modos de condução ou a iluminação ambiente. A conectividade sem fios via Apple CarPlay e Android Auto é estável, e o painel do condutor oferece vários layouts personalizáveis. A VW recuperou ainda os comandos físicos no volante, melhorando significativamente a ergonomia.

Espaço e funcionalidade
À frente, os espaços de arrumação são generosos. Assente na plataforma MQB Evo, o T-Roc cresce 12 cm em comprimento, passando a medir 4,35 metros, o que se reflete numa maior distância entre eixos e mais espaço para os passageiros traseiros.

A bagageira oferece 475 litros de capacidade, alinhando-se com os principais rivais e superando alguns, como o Toyota C-HR. Os bancos traseiros rebatem em três secções, permitindo maior versatilidade, embora os encostos não fiquem totalmente planos. Com tudo rebatido, o volume total chega aos 1.350 litros.

Preços e fiscalidade
A introdução do motor 1.5 implica um aumento de cerca de 2.000 euros face ao anterior 1.0. Marília Machado dos Santos, diretora-geral da Volkswagen em Portugal, aponta a fiscalidade como principal causa, com o ISV a representar 60% da tributação da cilindrada. Ainda assim, a marca conseguiu reduzir o impacto final para o cliente, com uma diferença de apenas 1.101 euros entre gerações. Os preços começam nos 33.444 € para o Trend 1.5 eTSI 116 cv DSG e nos 44.117 € para o R-Line 1.5 eTSI 150 cv DSG.

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