O preço dos automóveis elétricos novos continua a ser um dos maiores entraves à sua democratização, mas no mercado de usados já há propostas com valores muito mais em conta.
Em Portugal, atualmente, os preços de um automóvel 100% elétrico e 100% novo começam nos 16 900 euros do Dacia Spring. Por isso, baixámos a fasquia e, recorrendo à preciosa ajuda do PiscaPisca.pt, estabelecemos um valor máximo de 15 000 euros para este guia.
A primeira constatação é clara. Excluindo os quadriciclos como o Citroën AMI e o Renault Twizy, os modelos com mais presença o Renault Zoe, Nissan Leaf, as duas gerações do Smart Fortwo e ainda o Forfour. Mas não estão sozinhos. Fique a conhecer as restantes propostas.
Smart Fortwo e Forfour
O pequeno Smart Fortwo é o citadino por excelência, devido às suas dimensões compactas e facilidade de condução. A adoção da propulsão 100% elétrica fez todo o sentido, uma vez que não só era a mais indicada em ambiente urbano, como tornava a sua condução ainda mais simples.
A condizer com o tamanho compacto do carro temos uma bateria igualmente pequena, com 17,6 kWh. A autonomia máxima indicada nos classificados é quase sempre inferior a 150 km.
As unidades do Smart Fortwo que encontrámos são quase todas importadas, com a primeira matrícula registada entre 2012 e 2018. Ou seja, da segunda e terceira geração deste modelo, com bastantes diferenças entre as duas.
Para quem não consegue «viver» com apenas dois lugares, há sempre a hipótese de optar pelo Smart ForFour, com quatro lugares. Apresentado em conjunto com o Fortwo de terceira geração, resultou de uma parceria com a Renault, sendo basicamente um «gémeo» do Twingo.
Em termos de preços, a oferta não difere muito do formato de dois lugares. A oferta começa nos 7900 euros de um Fortwo de segunda geração e até aos 15 mil euros dos de terceira geração. Os Forfour têm preços a começar acima dos 10 mil euros.
Renault Zoe
Apresentado em 2012 o Renault Zoe chegou ao mercado como uma espécie de alternativa 100% elétrica do Renault Clio. No entanto, com um visual muito mais arrojado e futurista, e acabou por ser por vários anos o carro elétrico mais vendido da Europa.
As versões iniciais contavam com uma bateria com 22 kWh de capacidade, suficiente para uma autonomia oficial acima dos 200 km. Mais tarde, com a chegada da bateria de 41 kWh, este valor passou para perto dos 400 km.
O Renault Zoe distinguiu-se ainda por ser comercializado de duas formas: podíamos comprá-lo com ou sem bateria, o que deixava o Zoe mais acessível. Neste último caso, a bateria era alugada, com um custo mensal.
A vantagem desta solução era a de que a bateria poderia ser substituída pela Renault, caso fosse necessário, desde que histórico de assistência do Zoe fosse sempre efetuado pela marca.
Atualmente esta opção continua a ser das mais procuradas no mercado de usados, uma vez que o estado de conservação da bateria é assegurado pela marca. Os preços do Renault Zoe — com e sem aluguer de baterias — começam nos 7500 euros.
Quase todas as unidades nos classificados disponíveis é importada — com matrícula entre 2013 e 2018 — e inclui a bateria mais compacta de 22 kWh. Na sua maioria, declaram 150 km de autonomia ou mais.
Renault Twingo
Como alternativa ao Renault Zoe, há outro modelo da marca francesa que podemos encontrar no mercado de usados. O mais recente dos Twingo foi desenvolvido em conjunto com a Smart (Fortwo e Forfour) e também conta com a configuração de motor atrás e tração traseira.
No entanto, destaca-se dos Smart por trazer uma bateria de maior capacidade, com 21,4 kWh, que lhe dá mais algumas dezenas de quilómetros de autonomia.
Nas páginas do PiscaPisca.pt não existem muitas unidades disponíveis, mas há alternativas de 2020 e 2021 com preços entre os 11 500 euros e os 14 980 euros.
Nissan Leaf
Tal como o Toyota Prius mostrou a uma grande maioria de consumidores o que eram os automóveis híbridos, o Nissan Leaf fez praticamente o mesmo com os carros elétricos. Em 2010, foi este o modelo que mostrou a muitos condutores que esta «coisa» de conduzir um automóvel sem ter de usar gasolina ou gasóleo não era assim tão estranha como isso.
A primeira geração incluía uma bateria com uma capacidade de 24 kWh, suficiente para percorrer cerca de 160 km. Mais tarde, recebeu uma opção de 30 kWh, que «esticava» este valor até perto dos 200 km.
Considerando os anos que já pesam sobre o Leaf, alguns dos mais antigos (22 kWh) — a partir de 5000 euros — podem ter hoje uma autonomia real inferior a 100 km. O de 30 kWh — a partir de perto de 7000 euros —, faz melhor, com autonomias de 150 km ou mais.
A segunda geração do Leaf (2017) reforçou os argumentos familiares (mais espaço), a performance (150 cv) e a bateria cresceu até aos 40 kWh elevando a autonomia oficial até aos 284 km. Hoje é possível encontrar nos classificados a segunda geração a partir dos 12 mil euros com autonomias reais de 240 km.
Dacia Spring
Baseado no Renault City K-ZE, produzido e comercializado na China, o Dacia Spring chegou ao mercado europeu como uma das primeiras alternativas realmente baratas na categoria dos automóveis 100% elétricos.
Com menos de 3,8 m de comprimento e pouco mais de 1000 kg, transformou-se numa alternativa perfeita para circular em cidade.
Para ser barato, no entanto, o Spring teve de prescindir de muito equipamento, reduzido apenas ao essencial e a qualidade dos materiais também não encanta. Ainda assim, era este o «preço a pagar» pelo elétrico mais barato do mercado.
No mercado de usados, os preços variam entre os 11 000 euros e os 14 000 euros, com matrículas entre 2020 e 2022. Considerando os poucos anos que ainda têm, a pequena bateria de 26,8 kWh ainda está «como nova» — autonomia oficial era de 230 km.
BMW i3
A BMW entrou no mundo dos automóveis 100% elétricos de forma distinta de outros construtores. Começou por criar a submarca BMW i e lançou dois modelos radicais: o desportivo i8 (híbrido) e o mais urbano e 100% elétrico i3.
Este último, foi lançado em 2013 e deixou de ser produzido há dois anos, em 2022, mas ainda hoje conta com um visual à frente do seu tempo e a sua construção rivaliza com a de supercarros (fibra de carbono e alumínio).
Encontrámos nos classificados unidades até 2017, sempre com a bateria mais pequena de 21,6 kWh (identificado como 60 Ah) que dava para 190 km (oficial). Só que o i3 podia vir equipado com um extensor de autonomia na forma de um pequeno motor a gasolina — versões REx —, que acrescenta, facilmente, mais de 100 km a esse valor.
É possível encontrar as duas versões com preços a começar nos 12 mil euros. No entanto, há diversas unidades provenientes de importação, sendo necessário assegurar um histórico correto para atestar o estado de conservação da bateria.
Citroën C-Zero, Mitsubishi i-Miev e Peugeot iOn
Esta foi a primeira abordagem da ex-PSA (Citroën e Peugeot), em conjunto com a Mitsubishi, no mundo dos automóveis 100% elétricos, no longínquo ano 2010. Foi um projeto ainda embrionário, principalmente face aos automóveis de hoje, mas do qual nasceram os Citroën C-Zero, o Mitsubishi i-Miev e o Peugeot iOn. Todos eles eram baseados no Mitsubishi i — um kei car japonês com motor de combustão.
No mercado de usados, é possível encontrar várias unidades à venda, principalmente das marcas francesas. Distinguem-se pelo seu visual peculiar e pela pequena bateria de 16 kWh que, nos exemplares mais antigos, dificilmente dará para 100 km.
Preços começam nos 5900 euros (unidades de 2011) e vão até aos 14 mil euros (2020).
Volkswagen e-Up
Ainda antes da chegada ao mercado da família de modelos ID, a Volkswagen já explorava a via elétrica com dois modelos: o e-Golf (ver abaixo) e o e-Up.
O citadino e-Up chegou em 2016 com uma bateria de 18,7 kWh, tendo recebido uma maior em 2019 de 36,8 kWh, que anunciava 258 km de autonomia. Este último é o mais desejável, mas também o mais caro — encontrámos um exemplar a 13 900 euros. Os mais antigos é possível de encontrar por menos de 11 mil euros.
Além do e-Up também houve versões 100% elétricas dos «irmãos» SEAT Mii e Skoda Citigo. São, no entanto, bastante mais raras e, à altura da publicação deste artigo, não havia nenhum à venda no PiscaPisca.pt.
Volkswagen e-Golf
Saltando para o e-Golf (pertencente à sétima geração do Golf) também sofreu uma evolução durante a sua comercialização.
Lançado em 2014, tinha uma bateria de 24,2 kWh e um motor de 116 cv. Em 2017 ambos os valores foram ampliados para 35,8 kWh e os 136 cv. A autonomia — 232 km — e a performance agradecem.
Todas as qualidades do Golf encontram-se presentes no e-Golf, com uma dose adicional de refinamento. Os exemplares que encontrámos estão todos no limite de preço deste guia de compra — 15 mil euros.
Hyundai Ioniq
Antes de a designação IONIQ ser uma família de modelos 100% elétricos na Hyundai, identificava apenas um modelo que estava disponível em três versões: híbrido, um híbrido plug-in e um 100% elétrico — chegámos a comparar os três…
No caso do elétrico (2016), surgiu inicialmente com uma bateria de 28 kWh que dava, realisticamente, para pouco mais de 200 km — mais tarde, em 2019, a capacidade da bateria subiria para 38,3 kWh e a autonomia oficial (WLTP) para 313 km.
Este familiar de linhas aerodinâmicas — a lembrar o Toyota Prius da altura — destacava-se pela frugalidade. Consumos confortavelmente abaixo dos 14 kWh/100 km não eram difíceis de atingir. É possível encontrá-los a preços a partir dos 13 500 euros.
Kia Soul
A outra marca dentro do império Hyundai é a Kia e, tal como a marca-mãe, apostou cedo na eletrificação da sua gama. Se o Niro é o mais conhecido, tendo em consideração os 15 mil euros que colocámos, só é possível aceder ao primeiro Soul elétrico (2014-2019).
O crossover vinha com uma bateria de 27 kWh (30 kWh a partir de 2017) e, no «mundo real» esperem à volta de 160-180 km de autonomia.
São muito poucas as unidades disponíveis no mercado de usados, mas ainda são uma boa solução para quem procura algo um pouco diferente. Os preços das unidades disponíveis ficam situados entre os 12 450 e os 14 500 euros.
Fiat 500e
Para terminar e ainda dentro da fasquia dos 15 000 euros, é possível encontrar algumas unidades do pequeno Fiat 500e. Não da atual geração, mas da anterior (produzido entre 2013 e 2019), que também teve uma versão sem motor de combustão desenvolvida exclusivamente para os EUA.
As unidades à venda na Europa são todas importadas dos EUA. Estava equipado com uma pequena bateria de 24 kWh, o que se traduzia numa autonomia máxima em torno dos 180 km. Realisticamente, é de esperar umas dezenas de quilómetros a menos.
Comerciais 100% elétricos
Além das propostas para passageiros, também pode encontrar no PiscaPisca.pt veículos comerciais 100% elétricos. Têm a vantagem de ter IVA dedutível e entre os modelos disponíveis temos o Renault Kangoo, o Citroën Berlingo e Peugeot Partner.
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