Todas as viaturas que não aparentassem transportar mercadorias estavam, esta segunda-feira à tarde a ser barradas por guardas, alguns deles munidos com metralhadoras. Os condutores eram informados do impedimento de atravessar, a não ser por motivos profissionais e que a partir da meia-noite (23 horas em Portugal continental) a restrição será total.
"Tenho casa em Valença e em Espanha. Estou a trabalhar numa empresa espanhola e vou a casa a Portugal buscar algumas coisas e regresso", disse um condutor espanhol ao militar que o mandou parar. E que o informou: "A partir de amanhã [terça-feira], tem de apresentar um documento comprovativo da empresa onde trabalha. A fronteira encerra a partir das onze da noite, ainda não sabemos em que condições, mas encerra". A circulação na ponte cingia-se a uma faixa de rodagem.
Também esta terça-feira, a fortaleza de Valença, onde o comércio vive de clientes espanhóis, estava deserta e com a maioria das lojas encerradas. "As pessoas juntaram-se e decidiram entre elas não abrir. Não recebemos nenhuma ordem, foi uma opção. Os comerciantes acham que como a maioria dos clientes são espanhóis, não vendem", contou ao JN Joelma Rocha, funcionária de uma loja de roupa, calçado e acessórios e praticamente a única de portas abertas na zona histórica.
Segundo Joelma, ali as lojas começaram a fechar todas a partir de sábado à tarde. Esta segunda-feira, na sua, a clientela escasseou. "Andou por aqui um grupo de franceses. Noventa e nove por cento do cliente aqui é espanhol. Esta situação vai prejudicar muito o comércio, mas tem de ser. Está o Mundo todo preocupado e fechar as fronteiras é uma maneira de manter a ordem no país".
Valdemar Nobre, de 65 anos, um dos poucos moradores que ainda habitam a Fortaleza, onde o comércio é porta sim, porta sim, comentou: "Se eu mandasse não fechava a fronteira. Não sei qual é o problema de estar aberta, mas os nossos governantes é que sabem". "O impacto no nosso comércio vai ser muito mau. Eles vivem aqui do espanhol e já ontem não andava aqui ninguém", afirmou, espantando-se: "Nasci e vivi sempre aqui e nunca tinha visto a Fortaleza assim deserta durante o dia. Só no tempo do Salazar, quando as lojas não podiam abrir ao domingo".
As ruas da zona histórica, por onde é habitual passarem milhares de pessoas, sobretudo ao fim de semana e períodos festivos, e também as principais vias da área urbana, fora da Fortaleza, foram esta segunda-feira desinfetadas pela autarquia.
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