Teste – Skoda Kamiq 1.0 TSI: o B-SUV “simply clever”

2 years atrás - 13 Dezembro 2022, targa67
Teste – Skoda Kamiq 1.0 TSI: o B-SUV “simply clever”
Pequenas atualizações no mais pequeno SUV da Skoda foram o pretexto para mais um teste TARGA 67. Foi a redescoberta de um dos modelos mais competentes do segmento em maior expansão na Europa. Vale a pena dar-lhe atenção.

Admito que fui um pouco preguiçoso na escolha do título para este teste TARGA 67. “Simply clever” é a expressão que a Skoda usa para uma série de funcionalidades dos seus modelos, muito práticas e bem pensadas. Mas a verdade é que a expressão também se aplica ao Kamiq como um todo.

Os detalhes “simply clever” podem ser encontrados no raspador de gelo, guardado na tampa do depósito de gasolina e muito útil em países com invernos rigorosos. Ou nos ganchos para sacos de supermercado, nas paredes da mala.

Também na mala, há um conjunto de redes de arrumação. E não esquecer o famoso guarda-chuva, alojado dentro da espessura da porta do condutor. Ou ainda o mecanismo articulado, que sai para fora quando se abre a porta e evita que a sua aresta se risque, se tocar numa parede.

Há mais detalhes “simply clever” no catálogo de opcionais e acessórios da marca, adaptados a diversas utilizações e utilizadores, vale a pena dar uma vista de olhos no site da Skoda. Quanto às atualizações, ficam-se pelo desenho das jantes e reorganização da gama de versões, com mexidas nos opcionais.

Maior que os “primos”
O Kamiq foi lançado em 2020, por isso a pandemia não o ajudou. Foi o terceiro SUV da Skoda em quatro anos e surgiu no mercado em paralelo a modelos seus “primos” como o Seat Arona e o VW T-Cross, todos feitos com base na plataforma MQB A0 do grupo VW.

Mas o Kamiq tem diferenças, desde logo nas dimensões. Com 4,24 metros é dos maiores B-SUV e tem a maior distância entre-eixos do segmento com 2,65 m, mais que o Arona (2,57 m) e que o T-Cross (2,55 m). Já veremos qual é o resultado.

Por fora, o Kamiq segue de perto o estilo inaugurado com o Kodiaq e seguido pelo Karoq, com arestas bem vincadas, uma grande grelha e pequenos faróis, com as luzes de dia em LED logo a seguir ao capót. O perfil é convencional, com o tejadilho horizontal e o vidro traseiro pouco inclinado.

Muito espaçoso
A mala tem uns generosos 400 litros de capacidade e um fundo regulável em duas alturas que permite criar um espaço escondido por baixo. Os bancos rebatem 40/60 mas não deslizam na longitudinal.

Na verdade, isso nem é preciso, porque o espaço na segunda fila é muito bom em comprimento e altura. O acesso é fácil, porque as portas não são baixas e o lugar central poderá levar um adulto, desde que tenha algum espírito de sacrifício.

Nos lugares da frente também há muito espaço e a qualidade dos materiais está ao nível do Arona e T-Cross. O painel de instrumentos digital de 12,25” tem leitura fácil e várias visualizações. O ecrã tátil central de 9,2” está bem destacado do tablier e não é difícil de usar.

Boa visibilidade
Mais abaixo (demasiado) está o módulo da climatização, com botões físicos que são uma boa ideia, mas os seus gráficos aparecem no ecrã tátil acima, o que se torna um pouco confuso.

A posição de condução é 40 mm mais alta que a do Skoda Scala, que também usa a mesma plataforma. A visibilidade é muito boa em todas as direções, beneficiando de uma vasta área vidrada, o que vai sendo raro.

O banco é confortável e tem bom apoio lateral. O volante está bem posicionado, tem amplas regulações e uma pega que não fica a dever nada a uma versão desportiva.

A unidade deste teste está equipada com uma caixa automática de dupla embraiagem e sete relações, com patilhas minúsculas no volante, difíceis de usar.

Muito confortável
Nos primeiros quilómetros em cidade ficou desde logo clara a tipologia deste B-SUV, que mais parece uma carrinha um pouco mais alta. A suspensão é muito confortável, mesmo com pneus 205/44 R17, passando por cima dos obstáculos citadinos sem perturbar os ocupantes.

Há quatro modos de condução: Eco/Normal/Sport/Individual que fazem variar a assistência da direção, sensibilidade do acelerador e pouco mais. A caixa também tem o seu modo “S” por opção ao normal “D”.

A direção está muito bem assistida e transmite rigor. O pedal de travão está muito bem calibrado mas é bom não esquecer que o Kamiq ainda não tem nenhum sistema híbrido, nem um “mild hybrid”.

Fácil de guiar em cidade
Apesar de os 200 Nm do 1.0 TSI de 100 cv só estarem disponíveis a partir das 2000 rpm, a verdade é que a caixa de dupla embraiagem sabe estar sempre na relação certa, garantindo que o motor pode dar o seu melhor. E faz as passagens com suavidade e rapidez, em modo D.

Muito fácil de guiar em cidade, mesmo em modo Eco, no meu teste de consumos registou 7,6 l/100 km, um valor aceitável para o peso de 1254 kg e para um motor sem componente híbrida.

Em autoestrada, o Kamiq voltou a agradar pelo conforto, controlo de massas e baixos ruídos de rolamento ou aerodinâmicos. No meu teste de consumos a 120 km/h estabilizados, registou 5,6 l/100 km, um valor muito bom que mostra a faceta estradista deste modelo.

Guiado mais depressa, em modo Sport e estradas com mais curvas, nota-se que os pneus não têm muita aderência para uma condução mais agressiva.

A carroçaria não inclina demasiado em curva, mas a atitude deste tração à frente passa de neutra a subviradora a velocidades relativamente baixas, chamando o ESC a intervir. Não é muito ágil nem divertido de guiar (faz os 0-100 km/h em 10,2 segundos) mas também não é essa a sua missão.

Conclusão
O Kamiq 1.0 TSI cumpre todos os requisitos do segmento B-SUV. Espaçoso, confortável, fácil de guiar e tão capaz em cidade como em viagens por autoestrada. Falta-lhe um sistema híbrido para baixar os consumos em cidade e, em mercados como o português, falta-lhe mais imagem de marca, para justificar os preços a que é vendido, que não são baixos.

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