Renault Twingo voltou e custa menos de 20 mil euros

3 weeks, 4 days atrás - 9 Novembro 2025, razaoautomovel
Renault Twingo voltou e custa menos de 20 mil euros
Pequeno, elétrico e cheio de personalidade: o Renault Twingo voltou para provar que os pequenos citadinos podem ser divertidos e baratos.

É oficial: o Renault Twingo está de volta. Não que alguma vez tivesse desaparecido, mas o modelo que conquistou o público nos anos 90 regressou à receita original com uma missão clara: provar que ainda há espaço (e vontade) para automóveis compactos, acessíveis e irreverentes.

Vai chegar ao mercado no final do primeiro semestre de 2026 e terá preços abaixo dos 20 mil euros. Mas será que tem o que é preciso para ser uma lufada de ar fresco no mercado automóvel europeu?

Regresso de um ícone

Em 1992, quando foi lançado, podemos dizer que o Twingo mudou as regras do jogo. Num mercado dominado por automóveis cinzentos e conservadores, a Renault arriscou e lançou um modelo colorido, com formas arredondadas e personalidade única.

Foi um risco, sem dúvida. Totalmente assumido por Patrick Le Quément, chefe de design da Renault até ao início dos anos 2000. Mas valeu a pena.

Mais de 30 anos depois, o espírito irreverente do Twingo está de volta, mas agora em formato 100% elétrico, para complementar o trio de modelos que a Renault foi buscar ao passado: R5, R4 e Twingo.

Mas porquê agora, numa altura em que os pequenos citadinos estão em vias de extinção? A Renault acredita que o segmento A não está a morrer por falta de interesse dos clientes, mas sim por falta de oferta. O novo Twingo é a resposta direta a isso.

Fiel às origens

Depois de uma terceira geração que, a meu ver, não respeitou em nada o ADN do original, o novo Twingo parece corrigir tudo isso. Manteve-se fiel ao protótipo que o antecipou (revelado em 2023) e aos valores deste modelo e isso sente-se assim que olhamos para ele.

A dianteira é imediatamente reconhecível, com uma expressão simpática e jovial, quase como se estivéssemos perante um ser animado, com uma cara (a grelha inferior) e dois olhos (os faróis). Esta já era, de resto, uma característica do modelo original. E é bom perceber que a Renault quis manter isso.

Mas há mais. Destaco por exemplo as três entradas de ar simuladas no topo do capô, os faróis arredondados e o capô curto e inclinado, o que permite reforçar o visual compacto.

De perfil, além das cavas das rodas proeminentes, para reforçar a sensação de largura, há dois destaques a ter em conta: o primeiro, são os puxadores, já que infelizmente a Renault não manteve o formato circular dos puxadores do modelo original (e do protótipo); o segundo, é que ao contrário do Twingo original, este novo modelo é um cinco portas.

Quanto às jantes, as versões de série terão tampas de rodas de 16’’, mas haverá jantes opcionais com 18 polegadas. Honestamente, acho que as jantes mais pequenas são as que melhor combinam com o perfil deste citadino. Além de, previsivelmente, serem mais confortáveis.

Na traseira, além da assinatura luminosa muito arredondada, o que mais salta à vista é mesmo o óculo da bagageira, que ao contrário do que acontecia com o Twingo original, não pode ser aberto de forma independente.

Pequeno por fora, grande por dentro

Ok, se calhar estou a exagerar: o Twingo não é grande. Mas o espaço que oferece no interior é surpreendente. Apesar de ser 13 cm mais curto do que o Renault 5 (tem 3,79 metros de comprimento), consegue ser, por exemplo, mais espaçoso nos bancos traseiros.

Parece estranho, mas há uma explicação para isto: os bancos traseiros do Twingo (independentes) estão assentes numa calha com 17 cm, que permite que eles possam deslizar para a frente ou para trás, conforme as necessidades de espaço.

Versatilidade é, por isso, uma das palavras que melhor descreve o interior do Twingo, que também aqui, se manteve fiel ao modelo lançado em 1992. Tanto que com as costas do banco de passageiros dianteiro para baixo e com um dos lugares traseiros rebatidos, é possível transportar objetos com 2 metros de comprimento.

Mas há mais. A bagageira pode ter um máximo de 360 litros (com os bancos traseiros chegados à frente e já a contar com os cerca de 50 litros escondidos por baixo do piso de carga) e ascender aos 1000 litros com os bancos traseiros rebatidos.

Mas nem só se espaço e versatilidade se conta a história do interior do novo Twingo, que apresenta um interior simples, moderno e carregado de tecnologia. Sobretudo se tivermos em conta a fasquia de preço onde a Renault o quer posicionar.

Usa o sistema OpenR Link que já conhecemos dos modelos mais recentes da marca francesa, com Google integrado e duplo ecrã: um de 7” para a instrumentação de outro de 10” para o infotainment, com Google Maps, Google Assistant e acesso a mais de 100 aplicações através da Play Store.

Além disso, temos ainda o assistente virtual Reno, que já conhecemos dos Renault 5 e 4, que integra o ChatGPT e que nos consegue auxiliar em tarefas tão simples como por exemplo ajustar a temperatura do habitáculo ou alternar entre os vários modos de condução.

Apesar disto tudo, gostava que a Renault tivesse sido mais arrojada nas cores do interior: afinal essa tónica mais divertida sempre acompanhou este modelo. Mas isso pode ser atenuado com a vasta linha de acessórios que a marca desenvolveu para este modelo.

Esta autonomia é suficiente?

Assente na mesma plataforma que serve de base ao Renault 5, o novo Twingo recorre a uma máquina elétrica com um motor elétrico dianteiro com 60 KW (82 cv) e 175 Nm de binário máximo. Pode parecer pouco, mas é importante recordar que este é um citadino com cerca de 1200 kg.

Por isso mesmo, segundo a Renault, o novo Twingo será capaz de acelerar dos 0 aos 50 km/h em 3,85s e atinge os 100 km/h em 12,1s, com uma velocidade máxima de 130 km/h.

Para a bateria, e para manter o preço controlado, a marca francesa resolveu recorrer pela primeira vez a um pack com química LFP, com 27,5 kWh úteis que permitem até 263 quilómetros de autonomia (com a configuração de jantes de 16”).

Pode não ser um valor que impressione, mas se tivermos em conta que a grande maioria dos clientes europeus faz menos e 50 km por dia, então percebemos que dificilmente isto será um problema desde que não queiram viajar.

Mesmo assim, seria interessante ver a oferta aumentar no futuro, com a chegada de uma versão com bateria de 40 kWh. Se não acontecer, não será por falta de espaço desta plataforma.

Quanto custa um Twingo usado?

Quanto aos carregamentos, o Twingo vai suportar velocidades de até 6,6 kW em corrente alternada (AC), o suficiente para carregar dos 10 aos 100% em cerca de 4h15min (o cabo Modo 3 está incluído).

De forma opcional, com o Advanced Charge Pack (ainda não tem preço), a capacidade sobe para os 11 kW em AC (carga completa em 2h35min) e para os 50 kW em corrente contínua (DC), permitindo carregar dos 10 aos 80% em 30 minutos.

Preço é trunfo importante

Com chegada a Portugal marcada para o final do primeiro semestre de 2026, o Renault Twingo terá um preço base inferior a 20 mil euros. E esse será um dos seus maiores trunfos.

Resta saber como este pequeno citadino se vai comportar em estrada, algo que só poderemos descobrir nos primeiros meses do próximo ano, quando o conduzirmos pela primeira vez.

A avaliar pelo que a Renault fez com o 5 e com o 4, podemos esperar um elétrico agradável de conduzir, eficiente e com alguns toques de diversão.

Mesmo assim, há uma diferença importante a considerar: é que por uma questão de contenção de custos, a Renault não utilizou o sistema multi-link do R5 no eixo traseiro, optando pela barra de torção do Captur.

Como isto se irá traduzir na estrada, só saberemos quando o conduzirmos. Mas para já, olhando para este Twingo, só posso dizer uma coisa: Bom trabalho, Renault!

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