Se as carrinhas tivessem ficado de fora da lista de compras de todos os automobilistas, particulares ou empresas, certamente que a Opel não se teria dado ao trabalho de propor a Astra Sports Tourer em versão 100% elétrica. Em Portugal, 60% das venda da gama Astra são carrinhas.
A estratégia de eletrificação da marca alemã do grupo Stellantis, passa por aqui e segue para uma realidade na qual toda a sua oferta estará eletrificada, ou seja, todos os seus modelos vão ter versões elétricas ou “plug-in” até ao final de 2024.
Já a partir de 2025, todos os novos modelos a lançar, vão ter motorizações apenas 100% elétricas. Mas os modelos híbridos que estiverem à venda vão continuar a sua carreira durante mais alguns anos.
Vendas a subir
Ainda este ano, a Opel vai lançar o novo Frontera e um segundo C-SUV, para alargar a gama, que tem em Portugal o Corsa como o seu modelo mais vendido, seguido pelo comercial ligeiro Combo e pelo Mokka.
As vendas da Opel em 2023 cresceram 15% a nível global e 4,1% na Europa, mostrando que a marca está a conseguir marcar presença em mercados onde não tinha grande pegada. Um dos objetivos, quando foi comprada pela Stellantis, era mesmo esse.
Quanto aos elétricos, o crescimento das vendas é superior ao da totalidade das versões disponíveis. Em Portugal, a subida, entre 2022 e 2023, foi de 44%, nos elétricos e de 23%, no total da gama.
Carrinha Astra com versão elétrica
Este Opel Astra Sports Tourer Electric é uma das primeiras carrinhas 100% elétricas a chegar ao mercado e a primeira coisa que se pode dizer é que as diferenças aparentes para as versões térmicas são muito poucas.
Desde logo a começar pelo estilo, em que só o pequeno “e” distingue esta versão movida por um motor elétrico de 156 cv e 270 Nm colocado na frente, que envia a sua força às rodas dianteiras.
A bateria de 54 kWh está colocada em “H” sob os bancos da frente, sob o túnel central e sob o banco de trás, não interferindo com a habitabilidade nos lugares de trás, nem na capacidade da mala, que tem 516 litros. É a mesma plataforma EMP2 V3, usada pelo Peugeot E-308.
Peso e autonomia
Até no peso, a versão elétrica faz jogo igual com a versão híbrida “plug-in”, ficando-se pelos 1760 kg. Segundo a marca, a caixa da bateria contribui para aumentar a rigidez à torção em 31%.
A Opel anuncia uma autonomia em ciclo misto, pela norma laboratorial WLTP, de 413 km e a bateria pode ser carregada a 11 kW AC ou num carregador rápido até 100 kW DC, situação em que demora 30 minutos a ir dos 0 aos 80%.
Ao volante
Neste primeiro e breve teste guiei o Astra ST Electric em estrada nacional e um pouco em autoestrada. Há três modos de condução disponíveis, com a potência limitada em três níveis, até ao ressalto do acelerador, ou seja, carregando a fundo, está sempre disponível a potência máxima.
Os modos são: Eco (108 cv e 220 Nm), Normal (136 cv, 250 Nm) e Sport (156 cv e 270 Nm). Há ainda dois níveis de intensidade de regeneração, o normal e o mais intenso “B”.
Força suficiente
Comecei pelo modo Eco, que tem uma resposta razoável do acelerador, mais que suficiente para uso em cidade. A passagem para os modos acima é fácil de sentir no aumento da rapidez do acelerador, mas as fases de mudança são um pouco lentas.
Quanto ao nível “B” mostrou-se adaptado para uma condução variada, não sendo muito intenso, nem imobilizando o Astra ST no trânsito. Assim, a adaptação de quem nunca guiou um elétrico, fica mais fácil.
Bom conforto
Apesar de ter montados pneus 215/45 R18, por sinal até eram pneus de Inverno, o nível de conforto pareceu-me bom, mesmo sobre passadeiras muito sobre-elevadas. Claro que sempre dentro de uma tipificação Opel, que nunca é a mais macia do segmento. Mas os bancos com certificado AGR sustêm bem o corpo.
Em autoestrada, ficou claro o habitual “autobahn proof” (à prova de autoestrada alemã) que se traduz numa dinâmica bem controlada, que não deixa a carroçaria oscilar muito, em nenhuma situação.
Bom isolamento acústico e uma velocidade máxima limitada aos 170 km/h, que poderá frustrar alguns dos frequentadores das tais “autobahn”.
Um pequeno percurso em estrada nacional serviu para confirmar que a precisão e rapidez da direção, típicas do Astra continuam presentes, que a gestão de binário não entra em exageros e que a aceleração anunciada 0-100 km/h de 9,3 segundos é suficiente para uma carrinha familiar sem pretensões a ser o elétrico mais rápido do segmento.
Conclusão
Há 11 gerações que a Opel vende carrinhas no segmento “C”, tendo começado ainda com o Kadett. Agora foi a altura de o modelo entrar na era elétrica com um preço, para a versão Edition, de 40 620 euros, sem promoções e de 38 620 euros, com promoção, que implica compra com financiamento. A versão GS, mais equipada, custa mais 3500 euros e ambas estarão disponíveis a partir da segunda metade de Março.