Novo Renault Clio está irreconhecível. Tudo o que mudou

2 months, 3 weeks atrás - 10 Setembro 2025, razaoautomovel
Renault Clio at Munich Motor Show 2025
Renault Clio at Munich Motor Show 2025
A sexta geração do Renault Clio, o modelo mais vendido de sempre da marca, mudou significativamente, mas fica mais familiar conforme vamos conhecendo as suas características.

Renault Clio foi uma das estrelas do ano automóvel de 1990, ao ter a difícil missão de substituir o histórico Renault 5. Agora, 35 anos mais tarde, goza também de estatuto icónico por o Renault e o automóvel francês mais vendido de sempre (17 milhões de unidades até hoje).

Ainda assim, estes registos impressionantes não dizem respeito a um passado mais ou menos distante, até porque o carro que está prestes a «reformar-se» foi o automóvel mais vendido na Europa no primeiro semestre deste ano.

Mesmo no final do ano entra na sua sexta geração, a primeira sem qualquer motorização Diesel. Fique a conhecer em mais detalhe o Renault Clio 2026:

O primeiro impacto é dado pelo design claramente mais desportivo, mais masculino até, principalmente pela dianteira, que é projetada para a frente por dois vincos paralelos que saem do capô e depois terminam numa espécie de boca central, preenchida com um padrão em losango, como o logótipo da marca.

Na secção posterior, o destaque vai para os vincos transversais e para o efeito de duplo aileron gerado pela projeção do tejadilho e pelo próprio perfil da carroçaria, mas também pelas óticas com partição, ficando divididas entre a carroçaria e o portão.

Em dimensões, o Clio VI cresce moderadamente: mais 6,7 cm em comprimento (para 4,12 m), mais 3,9 cm em largura (1,77 m) e mais 1,1 cm em altura 1,45 m), enquanto a distância entre eixos é esticada em apenas 0,8 cm (2,59 m).

O resultado é um carro que parece mais plantado na estrada, acompanhado por um incremento do volume da bagageira que chega agora a 391 litros (340 litros no antecessor). Não é possível colocar nenhum objeto debaixo do piso uma vez que é aí que se encontra a pequena bateria do sistema híbrido.

Mais espaço, mais tecnologia

Importante evolução é a que se observa no painel de bordo, onde estão colocados dois ecrãs digitais (cada qual com 10,1”) lado a lado sob a mesma moldura, o da esquerda para as funções de instrumentação, o da direita para as de infoentretenimento.

Usa gráficos evoluídos, sistema Google embutido (algo único neste segmento de mercado) e a mesma lógica de arrumação e funcionamento que é conhecida nos mais recentes modelos da marca francesa, nomeadamente os elétricos R5 e R4. Existem ligações sem fios a dispositivos Apple e Android.

Como é habitual nesta classe, predominam os revestimentos de toque duro e a generalidade dos compartimentos (porta-luvas e o existente entre os bancos dianteiros) não têm revestimentos suaves. Um ou outro acabamento poderia ter mais qualidade, como no caso da zona que envolve o retrovisor interior.

Há novos revestimentos no tabliê e portas, que podem variar entre tecido, imitação de metal e Alcantara, estando este reservado à versão de topo Esprit Alpine, que também se destaca pelos seus bancos dianteiros com apoio lateral bastante reforçado.

Cabem cinco adultos, com o ocupante do lugar central traseiro a ter que viajar encolhido porque a largura é limitada, e os seus pés têm de lidar com o relativamente baixo, mas largo túnel no piso.

Não existem saídas de ventilação diretas para trás, o que é uma lacuna comum neste segmento de mercado. Passageiros com até 1,85 m de altura não roçam com a cabeça no teto e os mais baixos irão apreciar o claro efeito de anfiteatro nesta segunda fila, cujos assentos são mais altos do que os dianteiros.

Para além do aumento do volume já mencionado, o porta-bagagens apresenta formas regulares e facilmente aproveitáveis, mas também um degrau alto entre a boca de carga e o vão de carga, o que não ajuda muito na colocação e remoção de objetos maiores e pesados. Além disso, quando rebatemos as costas dos bancos da segunda fila não é possível criar uma zona de carga totalmente plana, criando-se outro degrau de altura considerável.

Diesel não, híbrido sim

Há dois motores principais para o Renault Clio VI. Um de 1,2 litros e três cilindros que pode funcionar a gasolina ou GPL, associado a uma caixa manual ou automática — 115 cv e 120 cv, respetivamente gasolina e bifuel (GPL) —, e o E-Tech Full Hybrid 160.

Este último é híbrido, mas não necessita de ligar à tomada e vem substituir o atual, com motor de 1,6 litros. Foi estreado pelo Dacia Bigster e já o pudemos testar no Renault Symbioz. Combina um motor maior, ainda com quatro cilindros, mas agora com 1,8 litros (109 cv e 172 Nm), e não se prevê que tenha vida fácil em Portugal, devido à nossa fiscalidade.

Este é combinado com um motor elétrico dianteiro (49 cv e 205 Nm) com um rendimento acumulado máximo de 159 cv e 265 Nm. Há um segundo motor elétrico (acoplado ao de gasolina) com as funções de motor de arranque e gerador.

O motor a gasolina do sistema híbrido funciona no ciclo Atkinson (em que as válvulas de admissão abrem mais tempo, durante a fase de compressão, para gerar uma taxa de compressão mais propicia a limitar os consumos) e está associado a uma transmissão automática (sem embraiagem nem sincronizadores) que usa quatro relações para o motor a gasolina e duas para o elétrico.

Conhecem-se apenas alguns números de rendimento e consumo do novo Clio híbrido, mas em ambos os casos há progressos face ao modelo que irá ser substituído.

A aceleração de 0 a 100 km/h é de 8,3s (um segundo mais rápido do que antes) e o consumo médio homologado deverá ser de 3,9 l/100 km (menos 0,3 l/100 km). E, como referido, deixa de haver motor Diesel.

Esta motorização híbrida pode ainda trabalhar em vários programas de energia: 100% elétrico, híbrido (motor a gasolina e elétrico em conjunto), apenas o motor a gasolina e ainda o funcionamento deste apenas como gerador para carregar a bateria de 1,4 kWh.

Promessa de comportamento mais preciso

Interessante e relevante para o comportamento do Clio — que não era dos mais eficazes nem divertidos no segmento dos automóveis compactos —, é o aumento da via dianteira em 40 mm. Juntamente com uma nova afinação da direção — menos desmultiplicada, tendo o número de volta passado de 3,3 para 2,6 —, deixa antever uma frente mais incisiva e melhores valências para a inscrição em curva.

No demais, a plataforma é a mesma CMF-B que já é usada há várias gerações. Utiliza um eixo dianteiro tipo McPherson e um traseiro com eixo de torção a unir as rodas. Há discos ventilados nas rodas dianteiras e maciços nas traseiras.

Quanto custa?

O Renault Clio 2026 promete ser uma das maiores estrelas no Salão de Munique, mas a sexta geração só deverá começar no início do próximo ano.

Os preços ainda não são conhecidos, mas o degrau de entrada do novo Renault Clio deverá situar-se em torno dos 22 mil euros para a versão de 1,2 litros e marginalmente abaixo dos 30 mil euros no caso do E-Tech 160 Full Hybrid.

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