
O Renault Clio foi uma das estrelas do ano automóvel de 1990, ao ter a difícil missão de substituir o histórico Renault 5. Agora, 35 anos mais tarde, goza também de estatuto icónico por o Renault e o automóvel francês mais vendido de sempre (17 milhões de unidades até hoje).
Ainda assim, estes registos impressionantes não dizem respeito a um passado mais ou menos distante, até porque o carro que está prestes a «reformar-se» foi o automóvel mais vendido na Europa no primeiro semestre deste ano.
Mesmo no final do ano entra na sua sexta geração, a primeira sem qualquer motorização Diesel. Fique a conhecer em mais detalhe o Renault Clio 2026:
O primeiro impacto é dado pelo design claramente mais desportivo, mais masculino até, principalmente pela dianteira, que é projetada para a frente por dois vincos paralelos que saem do capô e depois terminam numa espécie de boca central, preenchida com um padrão em losango, como o logótipo da marca.
Na secção posterior, o destaque vai para os vincos transversais e para o efeito de duplo aileron gerado pela projeção do tejadilho e pelo próprio perfil da carroçaria, mas também pelas óticas com partição, ficando divididas entre a carroçaria e o portão.
Em dimensões, o Clio VI cresce moderadamente: mais 6,7 cm em comprimento (para 4,12 m), mais 3,9 cm em largura (1,77 m) e mais 1,1 cm em altura 1,45 m), enquanto a distância entre eixos é esticada em apenas 0,8 cm (2,59 m).
O resultado é um carro que parece mais plantado na estrada, acompanhado por um incremento do volume da bagageira que chega agora a 391 litros (340 litros no antecessor). Não é possível colocar nenhum objeto debaixo do piso uma vez que é aí que se encontra a pequena bateria do sistema híbrido.
Mais espaço, mais tecnologia
Importante evolução é a que se observa no painel de bordo, onde estão colocados dois ecrãs digitais (cada qual com 10,1”) lado a lado sob a mesma moldura, o da esquerda para as funções de instrumentação, o da direita para as de infoentretenimento.
Usa gráficos evoluídos, sistema Google embutido (algo único neste segmento de mercado) e a mesma lógica de arrumação e funcionamento que é conhecida nos mais recentes modelos da marca francesa, nomeadamente os elétricos R5 e R4. Existem ligações sem fios a dispositivos Apple e Android.
Como é habitual nesta classe, predominam os revestimentos de toque duro e a generalidade dos compartimentos (porta-luvas e o existente entre os bancos dianteiros) não têm revestimentos suaves. Um ou outro acabamento poderia ter mais qualidade, como no caso da zona que envolve o retrovisor interior.
Há novos revestimentos no tabliê e portas, que podem variar entre tecido, imitação de metal e Alcantara, estando este reservado à versão de topo Esprit Alpine, que também se destaca pelos seus bancos dianteiros com apoio lateral bastante reforçado.
Cabem cinco adultos, com o ocupante do lugar central traseiro a ter que viajar encolhido porque a largura é limitada, e os seus pés têm de lidar com o relativamente baixo, mas largo túnel no piso.
Não existem saídas de ventilação diretas para trás, o que é uma lacuna comum neste segmento de mercado. Passageiros com até 1,85 m de altura não roçam com a cabeça no teto e os mais baixos irão apreciar o claro efeito de anfiteatro nesta segunda fila, cujos assentos são mais altos do que os dianteiros.
Para além do aumento do volume já mencionado, o porta-bagagens apresenta formas regulares e facilmente aproveitáveis, mas também um degrau alto entre a boca de carga e o vão de carga, o que não ajuda muito na colocação e remoção de objetos maiores e pesados. Além disso, quando rebatemos as costas dos bancos da segunda fila não é possível criar uma zona de carga totalmente plana, criando-se outro degrau de altura considerável.
Diesel não, híbrido sim
Há dois motores principais para o Renault Clio VI. Um de 1,2 litros e três cilindros que pode funcionar a gasolina ou GPL, associado a uma caixa manual ou automática — 115 cv e 120 cv, respetivamente gasolina e bifuel (GPL) —, e o E-Tech Full Hybrid 160.
Este último é híbrido, mas não necessita de ligar à tomada e vem substituir o atual, com motor de 1,6 litros. Foi estreado pelo Dacia Bigster e já o pudemos testar no Renault Symbioz. Combina um motor maior, ainda com quatro cilindros, mas agora com 1,8 litros (109 cv e 172 Nm), e não se prevê que tenha vida fácil em Portugal, devido à nossa fiscalidade.
Este é combinado com um motor elétrico dianteiro (49 cv e 205 Nm) com um rendimento acumulado máximo de 159 cv e 265 Nm. Há um segundo motor elétrico (acoplado ao de gasolina) com as funções de motor de arranque e gerador.
O motor a gasolina do sistema híbrido funciona no ciclo Atkinson (em que as válvulas de admissão abrem mais tempo, durante a fase de compressão, para gerar uma taxa de compressão mais propicia a limitar os consumos) e está associado a uma transmissão automática (sem embraiagem nem sincronizadores) que usa quatro relações para o motor a gasolina e duas para o elétrico.
Conhecem-se apenas alguns números de rendimento e consumo do novo Clio híbrido, mas em ambos os casos há progressos face ao modelo que irá ser substituído.
A aceleração de 0 a 100 km/h é de 8,3s (um segundo mais rápido do que antes) e o consumo médio homologado deverá ser de 3,9 l/100 km (menos 0,3 l/100 km). E, como referido, deixa de haver motor Diesel.
Esta motorização híbrida pode ainda trabalhar em vários programas de energia: 100% elétrico, híbrido (motor a gasolina e elétrico em conjunto), apenas o motor a gasolina e ainda o funcionamento deste apenas como gerador para carregar a bateria de 1,4 kWh.
Promessa de comportamento mais preciso
Interessante e relevante para o comportamento do Clio — que não era dos mais eficazes nem divertidos no segmento dos automóveis compactos —, é o aumento da via dianteira em 40 mm. Juntamente com uma nova afinação da direção — menos desmultiplicada, tendo o número de volta passado de 3,3 para 2,6 —, deixa antever uma frente mais incisiva e melhores valências para a inscrição em curva.
No demais, a plataforma é a mesma CMF-B que já é usada há várias gerações. Utiliza um eixo dianteiro tipo McPherson e um traseiro com eixo de torção a unir as rodas. Há discos ventilados nas rodas dianteiras e maciços nas traseiras.
Quanto custa?
O Renault Clio 2026 promete ser uma das maiores estrelas no Salão de Munique, mas a sexta geração só deverá começar no início do próximo ano.
Os preços ainda não são conhecidos, mas o degrau de entrada do novo Renault Clio deverá situar-se em torno dos 22 mil euros para a versão de 1,2 litros e marginalmente abaixo dos 30 mil euros no caso do E-Tech 160 Full Hybrid.
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