As portagens nas autoestradas portuguesas deverão aumentar cerca de 2,29% em 2026, de acordo com os cálculos baseados na taxa de inflação homóloga excluindo a habitação no continente para outubro, divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), à qual se soma um acréscimo de 0,1% destinado a compensar as concessionárias. Este aumento segue o previsto no Decreto-Lei n.º 294/97, que determina que a atualização anual das tarifas de portagem tenha por referência a inflação homóloga sem habitação do continente referente ao mês mais recente com dados disponíveis antes de 15 de novembro. Até essa data, as concessionárias devem comunicar ao Governo as suas propostas de preços para o ano seguinte.
Origem e enquadramento legal
A subida agora prevista resulta também de um acordo firmado entre o Governo e as concessionárias em 2022, quando foi decidido limitar o aumento das portagens de 2023 a 4,9%, valor inferior ao que resultaria da inflação então registada. Como compensação, o Estado autorizou um acréscimo adicional de 0,1% ao cálculo da atualização anual durante quatro anos consecutivos, incluindo 2026. Assim, tendo em conta que a inflação homóloga sem habitação de outubro de 2025 foi de 2,19%, o aumento total previsto ascende a 2,29%.
Na prática, este aumento deverá aplicar-se de forma generalizada a todas as concessionárias de autoestradas, como a Brisa, Ascendi e Globalvia, entre outras. No entanto, há exceções pontuais. As travessias rodoviárias sobre o rio Tejo, concessionadas à Lusoponte — nomeadamente a Ponte 25 de Abril e a Ponte Vasco da Gama — poderão sofrer uma subida ligeiramente superior, estimada em 2,38%. No caso dos veículos ligeiros (classe 1), cujas tarifas atuais são de cerca de 2,15 € na Ponte 25 de Abril e 3,30 € na Ponte Vasco da Gama, o aumento representará um acréscimo aproximado de 5 a 10 cêntimos.
Embora ainda não exista uma listagem pública com os novos valores por troço ou por classe de veículo, espera-se que as concessionárias entreguem as suas propostas finais ao Estado até meados de novembro. O impacto do aumento será variável conforme o tipo de utilização. Para quem utiliza as autoestradas diariamente — como nas deslocações casa-trabalho — o acréscimo poderá traduzir-se num custo adicional mensal ou anual significativo. Já para quem realiza viagens esporádicas, o impacto será reduzido a alguns cêntimos por deslocação.
O aumento das portagens deverá ter também reflexos no setor dos transportes comerciais e de mercadorias, dado que veículos de classes superiores (como camiões e autocarros) enfrentam tarifas substancialmente mais elevadas. Assim, o acréscimo percentual poderá repercutir-se nos custos operacionais das empresas e, indiretamente, nos preços finais ao consumidor.
Em suma, o aumento de 2,29% nas portagens previsto para 2026 reflete tanto a evolução da inflação como compromissos políticos e financeiros assumidos nos últimos anos entre o Estado e as concessionárias, continuando a tendência de atualização gradual das tarifas observada desde 2023.
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