
O estudo revela que 3,8% das viaturas analisadas apresentavam quilometragem adulterada — acima dos 2,2% registados em 2024 — com uma média de cerca de 92 900 km recuados. Além disso, 40,3% dos automóveis tinham histórico de sinistro, um crescimento face aos 35,9% do ano anterior, com reparações que rondam os 4000 euros.
O mercado português continua fortemente dependente das importações, que representam 61,5% dos veículos verificados, segmento onde o risco de manipulação e danos ocultos é maior. A idade média dos carros analisados aumentou para 10 anos, evidenciando uma tendência para a aquisição de modelos mais antigos.
Reino Unido seguem como referência
O Reino Unido mantém-se como o mercado mais transparente da Europa, com apenas 2,3% dos veículos a apresentarem quilometragem manipulada e 17% a registarem danos. A baixa dependência de importações — igualmente de 2,3% — contribui para reduzir os riscos enfrentados pelos compradores. Itália, Alemanha, Suíça e França completam o top 5.
A Suécia, que no ano anterior ocupava o 5.º lugar, desceu para 10.º devido ao aumento das importações, à maior presença de veículos danificados e à subida das adulterações de quilometragem. Portugal também registou uma queda significativa, passando de 11.º para 16.º no índice, enquanto a Croácia protagonizou a maior melhoria, subindo de 15.º para 11.º.
Mais importações, mais fraudes
Os mercados mais transparentes concentram-se sobretudo na Europa Ocidental e na Escandinávia, regiões caracterizadas por menor dependência de importações, melhores condições económicas e maior disponibilidade de dados automóveis — fatores que reduzem a probabilidade de fraude e de danos ocultos nos veículos usados.
Os cinco países menos transparentes do mercado europeu de usados permanecem os mesmos do ano anterior: Ucrânia, Letónia, Lituânia, Roménia e Estónia. Estes mercados caracterizam-se por uma elevada dependência de importações, frotas mais envelhecidas, maior incidência de manipulação de quilometragem e uma elevada percentagem de veículos com danos registados.
A fraqueza estrutural destes mercados também se explica pela dificuldade em rastrear o movimento transfronteiriço de veículos usados e pela falta de partilha eficaz de dados entre países, o que deixa muitos registos de quilometragem e de sinistros por atualizar ou digitalizar. A ausência de um sistema harmonizado de acompanhamento de vendas dentro da União Europeia facilita a ocultação de práticas fraudulentas.
Os níveis de adulteração de quilometragem ilustram bem o risco: 9,5% dos veículos na Ucrânia apresentavam quilometragem manipulada, 10,8% na Letónia, 7% na Lituânia, 7,5% na Roménia e 5,9% na Estónia. As importações representam entre 61% e 78% das frotas analisadas, reforçando a vulnerabilidade destes mercados.
Como é calculado o Índice de Transparência?
O estudo da carVertical analisou os relatórios históricos de veículos adquiridos pelos clientes na plataforma entre setembro de 2024 e agosto de 2025. O índice de transparência baseia-se em seis indicadores:
Como o impacto previsto de cada fator na transparência do mercado pode variar, os especialistas em dados da carVertical atribuíram pesos diferentes a cada indicador. Por exemplo, em cada país, a percentagem de veículos com quilometragem adulterada tem um peso superior ao da antiguidade média dos veículos verificados.
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