O novo Trafic E-Tech chegará a Portugal ainda antes do final do ano, com uma autonomia combinada WLTP de até 297 quilómetros.
A gama de comerciais ligeiros da Renault é particularmente notável no sucesso que tem tido, com um leque de opções que se divide entre Kangoo, Express, Master e Trafic. É precisamente este último que se junta agora ao legado dos automóveis 100% elétricos ao abrigo da sigla E-Tech, utilizada pela Renault para identificar os seus modelos eletrificados.
Neste caso, o Trafic trata-se de modelo que leva já mais de 2.4 milhões de unidades vendidas, desde 1980, com a variante elétrica a juntar-se aos Kangoo Van E-Tech Electric e Master E-Tech Electric, estes lançados no ano passado.
Embora seja uma variante com motor elétrico, esta versão partilha a identidade com os modelos de combustão, sendo a base a mesma e sem perder nos pontos fortes dos seus homólogos térmicos, oferecendo boas aptidões nas prestações e amplas possibilidades de escolha e de personalização, naquele que é outro atributo destacado pela marca francesa.
Aproveitando este lançamento, a marca também operou uma ligeira cirurgia estética nalguns pontos, nomeadamente na dianteira, onde se notam os novos faróis LED (de série), além de um novo interior com qualidade reforçada, sobretudo nas variantes mais equipadas. Mas o ADN do modelo manteve-se, com a capacidade de carga reconhecida e elevada versatilidade.
Assim, o novo modelo surge em dois comprimentos de carroçaria (5,08 metros na L1 e 5,48 metros na L2) e duas alturas (1967 metros e 2498 metros), ao passo que a capacidade de carga (na configuração Furgão) pode variar entre os 5.8 m3 e os 8.9 m3. A versão mais comprida (L2) pode oferecer também até 4,15 metros de comprimento de carga graças à partição na divisória. Já a capacidade de reboque é de até 750 kg, para 1,1 toneladas de peso de carga admissível.
De resto, como é usual, o Trafic Van E-Tech Electric estará disponível em versão chassis/cabine, o que prefigura, dessa forma, uma elevadíssima competência em modularidade e opções de personalização quase ilimitadas, podendo tirar partido de uma extensa rede de mais de 359 fabricantes de carroçarias aprovados.
No habitáculo, há ainda muitas soluções de arrumação e de funcionalidade, com um total de 88 litros de espaços de arrumação (19,7 litros na consola, 14,6 litros nas portas e 54 litros sob o banco), sendo de destacar também a solução de banco corrido na frente – para três – que tem como particularidade o rebatimento do banco do meio para servir de mini-escritório ou de local de arrumações suplementares.
Em algumas versões, o porta-luvas contribui para as opções de arrumação, ao assumir a forma de uma gaveta Easylife (6,6 litros de capacidade) com um sistema de abertura inteligente que a torna prática para o condutor.
O painel de instrumentos é analógico (é igual ao do Kangoo elétrico), embora com um ecrã central de pequenas dimensões para os dados de consumo e velocidade. A conectividade também é salientada com a inclusão do sistema multimédia Easy Link com ecrã central tátil (incluindo tomadas USB) de série em todas as versões e aplicação MyRenault para smartphone com que é possível contar com vários serviços específicos, como a programação do carregamento da bateria e a monitorização remota do seu estado ou o pré-aquecimento programado da cabina.
Técnica comprovadaDe profissionais para profissionais. Esta parece ser a abordagem utilizada pela Renault, que recorre aos seus mais de dez anos de experiência na eletrificação para desenvolver uma solução sem emissões locais que se adequa às necessidades dos seus clientes.
Tal como o Kangoo Van E-Tech, o novo Trafic Van E-Tech Electric é alimentado por um motor de 90 kW/122 CV de potência e 245 Nm de binário instantaneamente disponível, permitindo-lhe acelerar dos zero aos 100 km/h em 13,6 segundos, ao passo que a velocidade máxima está limitada aos 110 km/h. O consumo médio homologado é de 22 kWh/100 km.
Com uma bateria de iões de lítio de 52 kWh de capacidade 100% utilizável (pesa 315 kg), o novo Trafic Van E-Tech Electric pode percorrer até 297 quilómetros entre cargas (WLTP), o que é, normalmente, suficiente para um dia inteiro de funções de trabalho. Tendo por defeito o modo ‘Normal’ de condução, há ainda um outro modo que o condutor pode selecionar, neste caso, o modo ‘Eco’, o qual limita a potência do Trafic Van E-Tech Electric aos 56 kW/76 CV, mas assegura uma ainda maior autonomia com velocidade limitada a 90 km/h, para alcançar assim autonomia de 322 quilómetros. No entanto, ainda em matéria de autonomias, a autonomia em ciclo urbano (WLTP) atinge os 367 quilómetros.
As baterias têm uma garantia de oito anos ou 160.000 quilómetros, sendo substituídas gratuitamente se o seu estado descer abaixo dos 70% do seu nível nominal.
O sistema de travagem hidráulico convencional inclui agora um ARBS (Sistema Adaptativo de Travagem Regenerativa), que maximiza a recuperação de energia, modulando a travagem em função da velocidade. Ou seja, abaixo dos 70 km/h, ao levantar o pé do acelerador, a sensação de desaceleração é mais elevada, enquanto acima desse patamar, é menos intensa, permitindo então ‘velejar’ um pouco mais. O objetivo é melhorar não só a sensação de condução entre diferentes tipos de percurso, mas também incrementar a eficiência e a recuperação de energia a partir de um simples acerto relativo à travagem e sem intervenção do condutor. Aliás, ao contrário do Kangoo Van E-Tech, este Trafic não dispõe de modos dedicados de regeneração (usualmente caracterizados pela posição ‘B’ do seletor da caixa).Multifacetado nos carregamentos
Este novo Trafic apresenta uma escolha de três tipos de carregadores, sendo que o básico é o monofásico de 7 kW (CA) que funciona com todos os tipos de tomadas domésticas, ao passo que o carregador rápido de 22 kW (CA) para estações públicas permite um carregamento de 50 quilómetros de autonomia (WLTP) em menos de 25 minutos (1h25 para recarregar de 15 a 80% da bateria). Por último, disponível apenas no próximo ano, estará o carregador rápido de 50 kW (CC), que apenas pode ser associado ao carregador de bordo de 7 kW.
A carteira de encomendas para o L2 (H1 e H2 Furgão, Chassis/Cabine e CrewCab) será aberta em outubro e as entregas terão início em novembro. As encomendas para o L1 (H1 Furgão e CrewCab) terão início em novembro, com entregas a partir de dezembro.
O primeiro contacto com a nova variante 100% elétrica do novo Renault Trafic decorreu nos arredores da cidade de Bordéus, conhecida pelos seus vários castelos e áreas de vinhas, as quais são utilizadas para a produção de vinho. Em trajetos maioritariamente urbanos, demonstrou claramente as suas virtudes de agilidade nas prestações e de agradabilidade da condução.Uma das grandes premissas dos automóveis comerciais ligeiros é manter o peso sob controlo para assim permitir mais carga e, também, uma sensação de condução mais ágil e eficaz. Na transferência para a eletrificação, esse desafio torna-se ainda mais determinante, já que o peso da bateria e o seu posicionamento podem tornar-se ‘quebra-cabeças’ no momento de encaixar tudo numa plataforma que, como é o caso, não nasceu com a eletrificação em mente.
Mas o trabalho dos engenheiros da Renault é bem conseguido, com o Trafic Van E-Tech Electric a manter uma elevadíssima modularidade a bordo a que não são alheias as portas laterais deslizantes, as múltiplas possibilidades de configuração por via das soluções Renault Pro+ e um compartimento de carga amplo e sem o menor indício de que se trata de modelo elétrico. Aliás, é difícil identificá-lo como tal apenas por via estética.
Mas a ausência de ruídos provenientes do motor assim que se começa a mover é rápido revelador da sua característica – o motor elétrico de tração. O Trafic Van E-Tech Electric é alimentado por um motor de 90 kW/122 CV de potência e 245 Nm de binário instantaneamente disponível, permitindo-lhe acelerar dos zero aos 100 km/h em 13,6 segundos, ao passo que a velocidade máxima está limitada aos 110 km/h. O consumo médio homologado é de 22 kWh/100 km.
Na estrada, em percursos que foram essencialmente urbanos, com ligeiras escapadelas por estradas nacionais (máximo de 80 km/h), este comercial denotou sempre uma admirável capacidade para ganhar ritmo, valendo-se da potência disponível de imediato para prestações muito competentes. Mesmo com uma caixa com 350 kg a simular carga no compartimento traseiro (mais dois ocupantes), o desempenho foi consistente com o que é de esperar de automóveis: desenvolto.
Mesmo em modo ‘Eco’, que limita a potência e a velocidade máxima, o Trafic ofereceu respostas cómodas para lidar com o trânsito do dia-a-dia. Mesmo o consumo, com alguns excessos ocasionais para testar a aceleração e as recuperações, foi surpreendentemente positivo, com uma média de percurso de cerca de 70 quilómetros de 17.7 kWh/100 km, bem abaixo do valor anunciado pela marca.
O comportamento é também bastante estável, com a bateria a ajudar a baixar o centro de gravidade, mas o Trafic é essencialmente um modelo de cariz laboral, pelo que as suas ambições aqui são limitadas. Seguro e estável, obedecendo bem a mudanças de direção e com um tato de travagem correto, mesmo atendendo ao facto de ser adaptável consoante a velocidade – acima dos 70 km/h ao levantar o pé do acelerador, a intensidade de regeneração e da desaceleração é menor, abaixo dos 70 km/h a intensidade de ambas torna-se mais evidente, para assim implementar uma espécie de ‘one pedal’ mode, sem o ser.
Em suma
A Renault complementa a sua gama de comerciais ligeiros com o Trafic Van E-Tech Electric, que acaba por ser uma solução francamente agradável em termos de compromisso entre prestações e suavidade de utilização, juntando-se depois a questão das manutenções que, tratando-se de um elétrico, tenderá a ser benéfica ao ter menos partes móveis e de desgaste de utilização. Um modelo que amplia as opções para o setor profissional que pretende eletrificar a sua frota, mesmo que o custo de aquisição ainda possa não ser o mais vantajoso. Mas para lá caminham. Este Trafic é mais um passo nesse rumo.
FICHA TÉCNICA
Renault Trafic Van E-Tech Electric
Motor elétrico: Síncrono de íman permanente, dianteiro
Potência: 90 kW/122 CV
Binário: 245 Nm
Bateria: Iões de lítio, 52 kWh
Transmissão: Dianteira, caixa automática de relação única
Aceleração 0-100 km/h: 13,6 s
V. Máxima: 110 km/h (limitada)
Consumo médio (WLTP): 22 kWh/100 km
Autonomia elétrica (WLTP): 297 km
Carregamento (15-80%): 1h25 a 22 kW (AC trifásico); 50 min. a 50 kW (CC)
Dimensões: (C/L/A) 5480/1956/1967 mm
Distância entre eixos: 3498 mm
Pneus: 215/65 R16
Peso: 2350 kg
Bagageira: De 5,8 m3 a 8,9 m3
Preço: N.D.
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