
À semelhança das anteriores oito gerações, a Toyota não abdicou das caraterísticas típicas que tornaram a Hilux numa das referências do segmento, designadamente a lendária QDF (Qualidade, Durabilidade e Fiabilidade), assim como o princípio de construção do chassis de longarinas unidas por travessas, para uma maior rigidez estrutural, onde assenta a carroçaria independente.
Segundo modelo mais vendido da Toyota de todos os tempos, com mais de 27 milhões de unidades comercializadas em todo o mundo, depois do Corolla, a Hilux vai entrar no próximo ano na sua nona geração, mais de uma década após o lançamento da oitava, em 2015.
A pick-up de dimensões médias da Toyota já estava a perder terreno em termos tecnológicos para a concorrência, designadamente para a dupla Ford Ranger / Volkswagen Amarok. A marca japonesa respondeu com o desenvolvimento de um modelo totalmente revisto, baseado numa plataforma totalmente nova já preparada para receber motorizações diesel híbridas com tecnologia de 48V (mild-hybrid) ou elétricas a bateria (BEV). Estas últimas, segundo a Toyota, estarão vocacionadas para o mercado europeu, onde as regras de emissões prometem tornar-se mais exigentes.
Visual poderoso
A nova geração da Hilux distingue-se claramente das suas antecessoras pelo seu estilo exterior, que projeta um visual poderoso na secção dianteira com novas proporções que geram uma postura forte e robusta. Em destaque na dianteira surgem os faróis estreitos ligados por uma barra central, que à semelhança do novo Land Cruiser, exibe o nome Toyota em estilo clássico.
A nova versão elétrica apresenta uma grelha específica, fechada e mais aerodinâmica, assim como jantes de liga leve exclusivas. A variante mild-hybrid continua a ter aberturas na grelha para permitir a entrada de ar para o motor. Todas as versões possuem um degrau traseiro para facilitar o acesso e um degrau lateral redesenhado.
As dimensões exteriores não são muito diferentes da geração atual, com um comprimento de 5,32 metros, uma largura de 1,85 metros, uma largura de 1,87 metros e uma distância entre-eixos de 3,09 metros.
A nova Hilux vai ser proposta apenas no derivativo de cabina dupla, cujo compartimento de carga tem um comprimento de 1,56 metros, uma largura de 1,54 metros e uma altura de 48 centímetros. A altura ao solo é de 20,7 centímetros. A capacidade de carga da versão elétrica é de 715 quilos e a de reboque com travagem de 1600 kg.
Ambiente de qualidade
O interior da Hilux foi totalmente redesenhado, notando-se uma clara influência no design do Land Cruiser. O painel de bordo tem uma orientação horizontal, incorporando um quadro de instrumentos digital personalizável de 12,3” e um ecrã tátil multimedia até 12,3”.
Do Land Cruiser “herdou” igualmente o sistema “Multi-Terrain Select” que adapta o desempenho da pick-up a diferentes tipos de terrenos em fora de estrada, recorrendo aos travões e ao binário para controlar a progressão e vencer obstáculos, sendo o sistema equivalente à condução com redutoras (L4) num todo-o-terreno convencional.
Todos os comandos principais para circular em todo-o-terreno são físicos, funcionais e são de acesso rápido para o condutor, ao contrário de outras marcas que os “ocultaram” em menús ou submenús no ecrã tátil central.
A Hilux BEV vem equipada com dois eixos elétricos que desenvolvem uma potência combinada de 196 cv (144 kW) e um binário de 205 Nm na dianteira e de 258,6 Nm na traseira, os quais proporcionam a tração integral permanente.
A linha motriz inclui ainda umas bateria de iões de lítio com capacidade de 59,2 kWh que oferece uma autonomia de até 240 quilómetros. A Toyota argumenta que este valor é bastante inferior ao percorrido diariamente pela maioria dos clientes Hilux. Para uma melhor proteção da bateria, esta foi instalada no chassis numa caixa protetora.
Além do modo automático, o sistema Multi-Terrain Select também permite ativar outros modos de condução como Rock, Sand, Mud, Dirt ou Mogul. Este último está vocacionado para situações de cruzamento de eixos, permitindo vencer todas as dificuldades com uma destreza impressionante.
A Hilux recebe, pela primeira vez, um seletor de direção “shift-by-wire” de ação única, uma direção assistida elétrica e uma suspensão traseira De Dion com mola de lâminas.
Impressionante em fora de estrada
Num curto percurso efetuado num circuito de testes perto de Paris tivemos a oportunidade de conduzir um dos primeiros protótipos da Hilux BEV em todo-o-terreno e em pista. No primeiro caso, o comportamento é espantoso.
Começamos por um estradão de terra com piso molhado, onde a pick-up elétrica, equipada com pneus de estrada, se comportou como se estivesse a circular em alcatrão. Tivemos depois de transpor uma primeira elevação e a Hilux BEV não teve quaisquer dificuldades na progressão, graças à elevada disponibilidade de binário e de controlo do acelerador.
Passamos por zonas de lama e areia, onde o comportamento foi semelhante. Só mesmo nalgumas situações mais exigentes, como arrancar numa superfície com lama espessa ou areia, é que fomos aconselhados a ativar os modos Mud ou Sand. E a pick-up arrancou como se estivesse num piso de alcatrão!
Nas descidas mais acentuadas, o sistema DAC (Downhill Assist Control) revelou-se extremamente eficiente e eficaz, vencendo o desnível de forma suave, segura e prevísvel. Em termos de capacidades em fora de estrada, a Hilux BEV apresenta um ângulo de ataque de 25º, de saída de 24º. A capacidade de passagem a vau é de 700 mm.
Em pista, a Hilux BEV oferece uma elevada capacidade de aceleração para um veículo que pesa em vazio mais de 2,4 toneladas, sendo possível chegar aos 100 km/h em menos de dez segundos. A velocidade máxima, por seu lado, está limitada a 140 km/h.
A localização da bateria no chassis proporciona um baixo centro de gravidade, minimizando as transferências de massas em curva, mas a traseira apresenta, nos limites, uma tendência sobreviradora.
Hybrid 48V e Fuel-Cell
Além da versão elétrica a bateria, a nova geração da pick-up de dimensões médias da Toyota vai ter uma versão híbrida suave, baseada no sistema de propulsão apresentado na Hilux atual.
O sistema compreende uma bateria de de iões de lítio de 48 V, alojada sob os bancos traseiros para não comprometer o espaço interior, um motor-gerador elétrico e um conversor de corrente contínua DC.
Beneficiando da experiência da Toyota da tecnologia híbrida, o motor diesel de 2,8 litros proporciona um desempenho suave, silencioso e refinado, tanto na condução em estrada como fora dela. A qualidade de condução é particularmente notável no arranque e na aceleração.
A Toyota anunciou igualmente o lançamento de uma versão equipada com um sistema de pilha de combustível a hidrogénio em 2028. A marca japonesa continua a acreditar nesta solução e afirma que será mais uma demonstração do seu compromisso em concretizar o potencial do hidrogénio como uma fonte de energia limpa e dará mais um impulso à implantação mais ampla de ecossistemas e infraestruturas de hidrogénio na Europa.
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