Fogo em Pedrógão Grande causou 61 mortos

6 years, 10 months atrás - 19 Junho 2017, Jornal de Notícias
Fogo em Pedrógão Grande causou 61 mortos
O incêndio que lavra em Pedrógão Grande em quatro frentes causou pelo menos 61 mortos, todos civis.

Há ainda 54 feridos, cinco dos quais em estado grave.

O secretário de Estado da da Administração Interna Jorge Gomes atualizou, às 13 horas deste domingo, o número de vítimas mortais no incêndio de Pedrógão Grande elevando o balanço para 62 mortos, todos civis. Entre as vítimas mortais estão quatro crianças.

Cerca das 15.45 horas, António Costa fez uma correção ao saldo trágico: depois de se ter verificado que havia um registo duplicado, apurou-se que o número é de 61 mortos.

O secretário de Estado explicou que duas das vítimas perderam a vítima num despiste automóvel. Como "sucedeu na zona e altura do incêndio", foram incluídas no total de vítimas mortais.

Às 12 horas, o secretário de Estado tinha anunciado 58 vítimas mortais. Duas horas antes, Jorge Gomes, com a voz embargada, explicara que 47 das vítimas "foram encontradas na estrada 236-1, que faz ligação com o IC8: 30 mortos nas viaturas e 17 fora dos carros ou na margem da estrada". Os outros 11 mortos foram localizados "em zona rural".

"O inferno que mostravam quando era pequeno na catequese, vi-o aqui, neste incêndio", desabafou o presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, sustentando que o fogo causou pelo menos 150 desalojados.

No total há 59 feridos, cinco dos quais em estado grave: quatro bombeiros e uma criança. Dos feridos,
18 foram para hospitais de Lisboa (Santa Maria), Coimbra e Porto (Prelada). Segundo o INEM, 25 pessoas foram assistidas no Centro de Saúde de Pedrógão Grande.

Há elementos da Segurança Social a prestar apoio psicológico às famílias e a cidadãos que se encontram sem habitação, em situação frágil ou em estado de choque, revelou o governante.

Uma tragédia sempre a aumentar

O balanço feito de madrugada apontava para 25 mortos, todos civis, a maioria dos quais circulava em estradas. Havia ainda três mortos por inalação de fumos junto a um cemitério em Figueiró dos Vinhos.

Às 7.30 horas, numa comunicação aos jornalistas, o secretário de Estado atualizou o balanço para 39 mortos e, uma hora depois, para 43. Às 10 horas, Jorge Gomes anunciou que o número de vítimas subira para 57.

O governante indicou que as operações mobilizam neste início de manhã 687 operacionais, 224 viaturas e três máquinas de rasto. Os meios aéreos "estão com dificuldades em operar, porque não há teto para voar", acrescentou Jorge Gomes.

As chamas, que se alastraram aos concelhos de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, mantêm quatro frentes ativas, duas delas com "extrema violência".

O primeiro-ministro António Costa, admitia, de madrugada, que, quando havia 24 mortos confirmados, o número poderia aumentar.

Durante a noite também foram referidos dois desaparecidos por confirmar, com o secretário de Estado a sublinhar que estas duas pessoas poderão estar entre os populares evacuados.

Uma fonte dos bombeiros adiantou ainda que vários carros de bombeiros foram destruídos pelo fogo, sem precisar quantos.

A casa mortuária de Pedrógão Grande vai ser aberta para receber os corpos das vítimas mortais. O INEM montou um centro hospitalar em Avelar para dar assistência aos feridos.

De acordo com o governante, o incêndio que lavra naquele concelho do distrito de Leiria desde as 14 horas de sábado propagou-se "de forma que não tem explicação nenhuma". Estendeu-se aos concelhos vizinhos de Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra.

"Estávamos perante um incêndio normal, quando cerca das 18 horas, ventos descontrolados, a soprar de todos os lados, propagaram o incêndio para todos os lados. Não havia meio de o controlar", disse o o secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, este domingo de manhã.

Perante a gravidade da situação, o Governo decidiu declarar o estado de contingência, que permite "um patamar mais elevado de mobilização".

Não há memória de um incêndio tão trágico como este. O pior de que havia memória foi há 50 anos na serra de Sintra, quando 25 militares morreram no combate às chamas.

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, chegaram ao local pelas 00.40 horas. O primeiro-ministro António Costa, esteve no posto de comando nacional da Proteção Civil, em Carnaxide.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou uma palavra de ânimo e conforto aos que continuam a combater o incêndio de Pedrógão Grande e disse que "o que se fez foi o máximo que se podia fazer".

Ao que o JN apurou, o chefe de Estado durante a tarde falou ao telefone com os autarcas de Góis e Pedrógão Grande para se inteirar da situação. Tendo sabido que havia idosos que resistiam a sair das suas casas, o presidente tomou a iniciativa de lhes telefonar, convencendo-os a abandonar o locar para sua segurança tendo em conta o avanço das chamas.

"Houve uma situação meteorológica particular a partir das 14 horas, numa extensão entre Coimbra e o norte do Alentejo, com a sucessão de trovoadas secas que terão estado na origem destes incêndios, e que terão gerado fenómenos meteorológicos de grande concentração e violência, como este que vitimou o conjunto destas pessoas", referiu António Costa. O primeiro-ministro advertiu que as trovoadas secas poderão repetir-se este domingo e anunciou que durante a manhã vão chegar dois aviões Canadair de Espanha para apoiar Portugal no combate aos incêndios.

O fogo começou nos Escalos Fundeiros, no norte do distrito de Leiria, e obrigou ao corte do Itinerário Complementar 8, bastante a sul daquela ignição. Dezenas de pessoas foram impedidas de prosseguir viagem para as localidades onde tinham familiares.

A ausência de eletricidade e de comunicações dificultou ainda mais os contactos na região.

"Estou muito assustada e não me recordo de algum incêndio semelhante nos últimos 10 anos", disse à Lusa Otília, de 68 anos, moradora em Atalaia Fundeira.

"Temos muito medo que o fogo venha por aí abaixo e nos atinja", disse também Palmira Coelho, antes de se refugiar em casa para proteger os seus bens.

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