
Os dados analisados pela carVertical relativos aos veículos verificados em Portugal entre setembro de 2024 e agosto de 2025 mostram que 3,8% apresentavam quilometragem adulterada. Entre os automóveis importados, 3,6% tinham o conta-quilómetros manipulado, valor ligeiramente inferior aos 4,1% registados nos veículos usados exclusivamente em território nacional — ainda assim, ambos os mercados apresentam riscos claros.
Grau de confiança é baixo
Um inquérito europeu realizado pela mesma empresa, envolvendo mais de 10 000 condutores, revela um clima generalizado de desconfiança: 46,3% dos compradores não confiam nos vendedores de carros usados, 75% preocupam-se com problemas ocultos e 35% afirmam já ter sido enganados no passado.
A carência de dados transfronteiriços — como registos de quilometragem, histórico de acidentes ou informação técnica relevante — contribui para este cenário. Em muitos casos, até os próprios vendedores ou concessionários desconhecem que um veículo importado sofreu manipulação da quilometragem ou esteve envolvido num sinistro grave.
61,5% dos automóveis são importados
A proporção de veículos importados varia consideravelmente entre países europeus, sendo mais elevada na Letónia, Lituânia, Sérvia e Ucrânia. Em Portugal, 61,5% dos automóveis verificados pela carVertical tinham origem no estrangeiro, enquanto 38,5% tinham sido usados exclusivamente no país. Quanto maior o volume de importações, maior é também o risco de adquirir um veículo com problemas ocultos.
Quando um automóvel é utilizado no mesmo país desde a sua fabricação, as autoridades tendem a reunir um historial completo do veículo. No entanto, essa informação raramente acompanha o carro quando este é importado, criando lacunas que dificultam a verificação da sua verdadeira condição.
Consumidores querem mais partilha de dados
De acordo com um inquérito europeu, 83,2% dos participantes defendem que os compradores devem ter acesso ao historial dos veículos, e 61,5% apoiam a partilha de dados não confidenciais para garantir essa transparência. Apesar de alguns países tratarem o VIN como informação pessoal, mais de 70% dos inquiridos discordam dessa classificação, considerando que a divulgação do número de chassis não representa qualquer risco para a privacidade.
A pesquisa da carVertical revela ainda que 35% dos condutores já foram enganados, adquirindo veículos com quilometragem manipulada ou defeitos ocultos. Para a maioria, uma maior transparência nos dados seria decisiva para reduzir a fraude e aumentar a confiança no mercado europeu de usados.
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