Durante quase um ano, a administração da Stellantis e o Governo italiano não se entendiam relativamente aos planos de longo prazo do construtor italo-franco-americano em território transalpino. O desagrado do executivo liderado por Giorgia Meloni era notório e alguns ministros não deixavam de o expressar publicamente.
O Governo italiano até ameaçou “nacionalizar” algumas marcas histórias detidas pela Stellantis que estavam “na gaveta”, como a Innocenti ou a Autobianchi, para depois as ceder a outros fabricantes - presumivelmente chineses - que investissem em fábricas de automóveis em Itália.
Pouco tempo depois de Carlos Tavares abandonar o cargo de CEO, a Stellantis veio baixar as tensões ao anunciar um investimento de dois mil milhões de euros em produção em Itália e na revelação de uma gama de novos modelos.
Altos responsáveis da Stellantis, incluindo o presidente John Elkann, tiveram esta semana reuniões com o ministro da Indústria de Itália, Adolfo Urso, e com representantes dos sindicatos. Nessas conversas, a Stellantis confirmou que todas as fábricas em Itália irão continuar em operação e comprometeu-se a investir fortemente nesse país em 2025.
Modelos de várias marcas
A fábrica de Cassino vai ser responsável pela produção de três modelos de grandes dimensões. A partir do próximo ano vai iniciar o fabrico da nova geração do Alfa Romeo Stelvio e em 2026 da substituta da berlina desportiva Giullia. Ambos os modelos terão propulsão elétrica, mas poderão ter opções híbridas. Um terceiro modelo topo de gama da Alfa Romeo também poderá sair da linha de montagem daquela unidade fabril.
Na fábrica de Pomigliano D’Arco, no sul de Itália, serão produzidos, pelo menos dois modelos compactos, a partir de 2028, com base na plataforma STLA Small. O Panda atual continuará em produção nesta fábrica até 2030, sendo depois substituído pela futura geração deste citadino.
A partir do próximo ano, a fábrica de Melfi vai produzir as versões elétrica e híbrida do Jeep Compass, Lancia Gamma, DS 7, seguindo-se o elétrico DS 8.
Na fábrica de Mirafiori, a Stellantis tenciona produzir a versão híbrida do 500 no final de 2025, tendo-se comprometido a fabricar aí um citadino até 2032 ou 2033. Aquela unidade também verá um aumento na produção de transmissões eletrificadas de dupla embraiagem, passando de 600 mil por ano para 900 mil.
Sede da Fiat mantém-se em Itália
Entretanto, o responsável da Stellantis pela Europa Alargada, Jean-Phillipe Imparato, anunciou que a fábrica da Maserati em Modena vai passar a ser o novo centro de competências do grupo para veículos topo de gama.
A fábrica de Atessa em Itália, onde são produzidos os furgões de grandes dimensões das Stellantis Pro One - Citroën Jumper, Fiat Ducato, Opel Movano e Peugeot Boxer - irá manter-se em atividade, e da sua linha de montagem também sairá a nova geração daqueles modelos, a partir de 2027.
O francês assegurou aos responsáveis governamentais italianos que as as instalações do grupo em Turim irão continuar a ser a sede das marcas da Fiat, embora a sede fiscal continue localizada nos Países Baixos. Ele sublinhou que o grupo não vai necessitar de fundos públicos para os investimentos planeados.