A Volkswagen Veículos Comerciais está a assinalar o 75º aniversário do seu icónico modelo Transporter T1, que ficou conhecido entre nós como “Pão de Forma”.
A ideia deste modelo surgiu quando o neerlandês Ben Pon, um dos importadores da Volkswagen nos Países Baixos, viu uma plataforma plana construída sobre o chassis de um Carocha e imaginou um veículo de transporte semelhante para passageiros e mercadorias.
A produção do “Pão de Forma” arrancou a 8 de março de 1950 e tinha o objetivo de responder à necessidade do tecido empresarial alemão de uma carrinha acessível. Internamente, aquele modelo era conhecido como Type 2 ou Transporter.
Será de referir que um ano antes, a Volkswagen tinha tentado registar o nome “Bulli” no instituto de patentes, mas sem sucesso, porque outra empresa já tinha garantido os direitos para um…limpa-neves. Não obstante, o nome “Bulli” acabou por chegar aos fãs, tornando-se no nome não oficial deste modelo nos países de língua alemã.
A primeira geração do T1 ou “Pão de Forma tinha um comprimento de 4,10 metros e era um furgão com painéis laterais em chapa e um pára-brisas dividido em duas partes que lhe valeu a alcunha de “Splittie” no Reino Unido. A mecânica era assegurada pelo motor boxer de quatro cilindros do Carocha que desenvolvia uma potência de 25 cv, permitindo alcançar uma velocidade máxima de 80 km/h. Mais tarde, a potência aumentaria para os 44 cv e a velocidade de ponta para 105 km/h.
A gama rapidamente foi reforçada com outros derivativos: Kombi (com janelas na traseira) em abril de 1950, seguindo-se um miniautocarro e uma versão de caixa aberta. O modelo que atualmente é considerado o mais lendário de todos os clássicos “Pão de Forma” surgiu em junho de 1951 e foi batizado pelos fãs como “Samba bus”. Aquele derivativo oferecia espaço para nove ocupantes e tinha 23 janelas, distinguindo-se ainda pintura bicolor e uma especificação luxuosa que incluía um teto panorâmico dobrável.
Em 1956, a Volkswagen transferiu a produção para a nova fábrica de Hanover. A 2 de outubro de 1962, já tinha saído das linhas de montagem a milionésima unidade do T1.
Em julho de 1967, o T1 foi substituído pelo T2 após mais de 1,8 milhões de unidades produzidas. No entanto, o T1 continuou a ser fabricado no Brasil até 1975. A primeira geração, em particular, é extremamente popular entre colecionadores; dependendo da variante, chegam a ser pagos valores de seis dígitos em euros.
Segunda geração
A caraterística mais distintiva do T2, comercializado entre 1967 e 1979, era a sua nova secção frontal. Em vez da modulação vertical em forma de “V” entre os faróis redondos, um design com linhas horizontais passou a enfatizar a largura do Volkswagen.
Todavia, não foram apenas aqueles detalhes que tornaram o T2 mais moderno: as janelas laterais visivelmente maiores e o para-brisas agora de peça única e fortemente curvado destacavam-se ainda mais.
Por outro lado, o T2 passou a contar, de série, com uma porta lateral deslizante. Contudo, o maior progresso foi registado na área do chassis e dos travões.
Com uma distância entre eixos inalterada de 2,40 metros e uma largura ligeiramente aumentada, a carroçaria cresceu 20 centímetros em comprimento. Como resultado, o T2 impressionava com um espaço interior ainda maior. Uma grande remodelação seguiu-se em 1972, consolidando o sucesso deste best-seller mundial.
Em 1977, a Volkswagen apresentava o protótipo de uma versão elétrica, equipada com um motor que desenvolvia uma potência nominal de 17 kW e de pico 34 kW, alimentado por uma bateria com uma capacidade de 21,6 kWh. A velocidade máxima anunciada era de 71 km/h.
Em 1978, a 4,5 milionésima Transporter saiu das linhas de produção. Um ano depois, a produção do T2 na Alemanha foi descontinuada. Até então, tinham sido produzidas 2,2 milhões de unidades desta segunda geração. No entanto, o fim da produção ainda estava longe, tendo continuado noutros locais: até 1987 na fábrica de Puebla, no México, com motor boxer arrefecido a ar, e depois até 1996 com motores de quatro cilindros arrefecidos a água.
Além disso, foram construídas mais 355 mil unidades do modelo T2c na Volkswagen Brasil até 2013, momento em que regulamentações mais rigorosas de segurança e emissões ditaram o adeus definitivo a este clássico intemporal. As últimas 1200 unidades do T2 saíram da fábrica como a edição especial 56 Anos Kombi – Last Edition.
Terceira geração
Com a terceira geração, apresentada em 1979, a Transporter não só se distinguia como também pela estreia de outros ícones na gama como a California e a Multivan.
O T3 mantinha-se fiel ao conceito dos seus antecessores, mas passou a oferecer tecnologias novas e modernas. A Volkswagen fez grandes avanços na área da segurança passiva. A carroçaria mais larga proporcionava significativamente mais espaço para passageiros e carga, sem grandes aumentos no comprimento e na altura; os motores boxer planos, padrão no modelo, também contribuíram para isso.
Na altura do lançamento, a oferta mecânica assentava em motores boxer, arrefecidos a ar com potência de 50 cv e 70 cv. Em 1981 chega o primeiro motor diesel, arrefecido a água na traseira, com níveis de potência de 60 cv e 78 cv, tendo aumentado mais tarde para 112 cv.
Em 1985, os motores a gasolina passaram a ser equipados com catalisadores e os primeiros diesel receberam turbocompressores. A maior novidade, porém, consistiu no lançamento dos modelos com tração integral e acoplamento viscoso, que receberam a designação adicional Syncro. A partir de 1988, surgiu a primeira autocaravana construída internamente pela Volkswagen: a California.
Quarta geração
A quarta geração, que começou a ser comercializada em 1990, representou um corte com o passado. Após 40 anos com tração traseira e motor montado na parte de trás, a Volkswagen mudou completamente o conceito de transmissão: a partir de então, os motores passaram para a dianteira, deixando de impulsionar o eixo traseiro para moverem as rodas dianteiras.
Aquela alteração técnica veio mudar tudo: design, chassis, motores e espaço interior. A principal vantagem surgiu traseira, onde no T3 o motor boxer ainda ocupava um espaço considerável. Com a nova geometria do eixo traseiro e a opção de tração integral Syncro, parte do espaço foi ocupada, mas o restante permitiu o aumento da capacidade de carga.
A nova configuração mecânica também tornou a condução ainda mais semelhante à de um automóvel de passageiros. Na dianteira, o T4 ficou mais comprido para acomodar os motores de quatro e cinco cilindros montados transversalmente e para melhorar as caraterísticas de segurança em caso de colisão. No lançamento estavam disponíveis três motorizações a gasolina e duas diesel, com potências entre 61 cv e 110 cv.
Em 1995, a Volkswagen Veículos Comerciais tornou-se uma marca independente dentro do Grupo Volkswagen. Para celebrar, em janeiro de 1996, o T4 recebeu uma atualização abrangente. As maiores mudanças aconteceram debaixo do capô: foi introduzido um motor turbodiesel de injeção direta (TDI) de 2,5 litros, o primeiro deste tipo num VW Transporter.
A dianteira alongada das versões de passageiros também permitiu a integração do motor a gasolina VR6 de 2,8 litros. A partir de 1999, em Portugal todos os Transporter passaram a ser vendidos com motorizações TDI de 88 cv, 102 cv e 151 cv, com a frente mais longa da Multivan.
Quinta geração
A quinta geração surgiria em 2003, com um design mais espaçoso e versátil do que qualquer modelo anterior. A gama estreou-se em várias versões: Kombi, furgão, cabine dupla e cabima simples. Além disso, a Volkswagen Veículos Comerciais redefiniu o conceito do modelo com as novas edições de última geração de Caravelle, Multivan e California.
A imagem manteve a linha estética da geração anterior, mas tornou-se ainda mais clara, robusta e intemporal. O interior foi projetado com base em princípios ergonómicos, evidentes sobretudo no posto de condução. Elementos como a alavanca da caixa de velocidade do tipo joystick, estrategicamente posicionada na consola central, e o painel de instrumentos alinhado numa única linha de visão, proporcionavam um ambiente funcional e moderno.
No lançamento do T5 estavam disponíveis motores turbodiesel de injeção direta (TDI), que ofereciam potências de 86 cv a 174 cv, e blocos a gasolina que variavam entre os 115 cv e os 235 cv do V6.
Em 2007, a Volkswagen Veículos Comerciais adquiriu finalmente os direitos do nome Bulli. Dois anos depois, os motores TDI foram substituídos por novos e mais silenciosos motores de quatro cilindros common-rail, com potência de até 180 cv.. A produção do T5 continuou até 2015.
Sexta geração
Após 13 anos e cerca de dois milhões de unidades fabricadas, o T5 foi substituído pelo amplamente modernizado T6. Este último destacava-se pelo seu novo design frontal, que combinava linhas elegantes com um caráter dinâmico. O para-choques dianteiro rebaixado reforçava a sua presença sofisticada e desportiva. Além disso, as novas opções de pintura em dois tons prestavam homenagem às primeiras gerações.
A motorização do T6 incluía quatro novos motores TDI e dois motores TSI, todos de dois litros. Em comparação com o T5, os novos propulsores permitiam poupar cerca de um litro de combustível por cada 100 km percorridos. Todos os sistemas de propulsão passaram a incluir a função Start/Stop de série. A potência variava entre 84 cv e 204 cv, com transmissões manuais de cinco ou seis velocidades e uma opção de caixa automática DSG de sete velocidades.
Entre os destaques tecnológicos, o T6 estreou o DCC (Dynamic Chassis Control), um sistema de suspensão adaptativa opcional que permitia ajuste personalizado do amortecimento. O modelo também se fez acompanhar por uma série de novos assistentes de condução e segurança.
Em 2019, a Volkswagen Veículos Comerciais fez uma atualização deste modelo, tendo lançado o T6.1, que incluía um Digital Cockpit e sistemas de infotainment com conectividade interativa via e-SIM, possibilitando funções e serviços.
No final de 2021, a marca alemã lançou a nova geração da Multivan e em março de 2022 o ID.Buzz, que recuperou o espírito do mítico “Pão de Forma” numa era totalmente eletrificada.
Em setembro de 2023, a Volkswagen Veículos Comerciais apresentava os novos Transporter e Caravelle, que começam a ser entregues aos clientes já este ano.
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