Poucos são aqueles que não reconhecem à Espace a relevância de ter criado um segmento de automóvel para quem as viagens em família assumem um relevo fundamental. A qualidade do tempo em família, enquanto a bordo de um automóvel, sempre guiou a ideia da Espace enquanto monovolume de segmento superior, voltando a surgir em 2023 para dar continuidade a este legado.
‘Ouvindo’ o mercado, a Renault tratou de transformar a Espace num crossover de corpo completo, exibindo claras semelhanças com o Austral, modelo com que partilha aliás, alguns componentes, como a plataforma CMF-CD desenvolvida pela Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi ou a tecnologia Full Hybrid E-Tech de 200 CV de potência que promete prestações elevadas e eficiência acima da média.
Identidade pouco misteriosa
O conceito estético do novo Espace não é propriamente inovador. Segue os mesmos princípios do Austral lançado em Portugal no final do ano passado, embora seja redutor considerar este novo modelo como uma simples derivação. Isto porque a Renault trabalhou na especificação da Espace para atender aos requisitos mais estatutários das viagens familiares, mantendo assim uma elevada modularidade e os seus sete lugares, apesar de ser 14 cm mais curta do que a Espace de anterior geração, medindo agora 4,72 metros de comprimento. O novo Espace mede ainda 1,84 m de largura e 1,64 m de altura, com uma distância entre eixos de 2,73 m.
Com efeito, o conceito de habitabilidade da Espace, com os seus sete lugares, é uma lição no aproveitamento do espaço, sendo menos comprida, menos alta e menos larga do que a geração anterior, ainda assim com os mesmos códigos de modularidade e eficiência. Por imposições regulamentares relacionadas com as emissões, o novo Espace ‘tinha de ser’ poupada, pelo que um dos aspetos em que foi mais fácil agir foi no peso, tendo esta geração apenas 1587 kg contra os 1802 da anterior (menos 215 kg) e os 1765 kg da quarta geração. No entanto, ainda distante do peso da primeira Espace, surgida em 1984, que ‘acusava’ apenas 1115 kg.O NOVO ESPACE ‘ABRE’ AS ENCOMENDAS A 17 DE ABRIL E CHEGA A PORTUGAL A 6 DE OUTUBRO.
Essa redução de 215 kg deve-se a vários fatores: menos 43 kg da plataforma, menos 38 kg da carroçaria e menos 84 kg decorrente das dimensões. Adicionalmente, reduziu-se também o peso da motorização em 50 kg graças à adoção de um motor de três cilindros que é mais compacto do que um motor a gasolina a correspondente da geração anterior. O depósito leva agora 55 litros, um pouco menos do que no anterior, mas a autonomia total supera os 1200 quilómetros com a eletrificação. Nota ainda para a utilização de muitas partes em alumínio, material que é mais leve.
A faceta SUV fica bem patente nas jantes de grandes dimensões e nos 18 cm de espaço ao solo.
Para toda a família
A marca gaulesa entende que tem muitos pergaminhos a defender, pelo que dedicou grande atenção ao conforto a bordo, com bancos especialmente desenvolvidos para maior conforto, sobretudo nas duas filas traseiras, podendo a segunda fila ser movimentada em 220 mm para assim ganhar mais espaço na terceira fila ou para bagagens. O espaço para os joelhos na segunda fila pode ser de 32 cm, revelando dessa forma a sua conceção preocupada com a habitabilidade. Adicionalmente, os locais para arrumação também são em grande número, com a Renault a indicar um total de 39 litros a bordo.
Para reforçar a sensação de luminosidade, a Renault oferece também um dos maiores tejadilhos panorâmicos do segmento com até 1 metro quadrado, que não tem cortina, mas sim tratamento térmico para garantir que o calor não torna o habitáculo desconfortável.A consola central tira partido de materiais melhorados e requintados, sem esquecer o toque necessário de sustentabilidade: o nível de equipamento Techno de entrada (há ainda os Esprit Alpine e Iconic) conta com revestimentos dos bancos compostos em materiais totalmente reciclados. No Esprit Alpine, para maior desportividade, o revestimento é em combinação de Alcantara e pele, enquanto no nível Iconic há revestimento em pele com tonalidade clara para um sentimento mais amplo até à terceira fila.
O acesso será, porventura, o aspeto menos interessante do novo Espace, mas viajar na terceira fila assume até contornos bastante positivos para um adulto, na medida em que os joelhos assumem um posicionamento mais natural.
Na bagageira, a marca indica 477 litros na versão de sete lugares mas apenas com os cinco lugares utilizáveis e a segunda fila o mais recuada possível, ou 677 litros avançando a segunda fila ao máximo. Utilizando as três filas de bancos, o espaço disponível é de 159 litros, enquanto no sentido oposto, rebatendo as duas últimas filas, o espaço aumenta para 1714 litros. No caso da versão de cinco lugares, que não deverá ser comercializada em Portugal, a capacidade da bagageira é de 777 litros (1818 litros com o rebatimento da segunda fila).
Híbrido e mais nada!
Para a nova geração da Espace está apenas reservada uma motorização, mais concretamente a versão híbrida Full Hybrid E-Tech que a Renault estreou no Austral.Esta solução consiste num motor de 1.2 litros de três cilindros turbo associado a dois motores elétricos, um motor/gerador de 25 kW e um e-motor (de tração) de 50 kW. A bateria de iões de lítio de 2 kWh e 400 V está integrada na própria estrutura (‘body in white’) sob os bancos dianteiros.
A potência total é de 200 CV com 410 Nm de binário, enquanto os valores de consumos e de emissões são bastante bons: 4,6 l/100 km e 104 g/km, respetivamente, menos 40% em comparação com a geração anterior com motor Diesel.
Em termos de condução, a marca garante que beneficiou da redução do peso e da afinação específica para oferecer melhor controlo e melhor dinamismo. Naturalmente, a Renault destaca a melhoria da rigidez torsional em quase 27% para um maior controlo de trajetórias sem afetar o conforto. O ângulo de rolamento foi reduzido em 10% em curva entre as duas gerações. Porém, neste campo, a Espace aposta na nova geração do eixo traseiro direcional 4Control Advance (associada a suspensão traseira multilink), que permite a viragem das rodas traseira a um ângulo de até 5º quando em manobras de baixa velocidade, como nos estacionamentos ou a manobrar em cidade.
O novo Espace recebe ainda volante mais pequeno com rácio de direção mais curto, sendo mais direta e precisa em comparação com a geração anterior.Na segurança, também não existiram concessões, com até 32 sistemas de assistência à condução, como o reconhecimento e adaptação de velocidade automática, assistente de estacionamento autónomo e elevado nível de segurança ativa e passiva (chassis), aqui reduzindo o peso com o uso de materiais e processos de estampagem a quente para maior resistência estrutural.
Bem-vindos ao mundo da tecnologia
Seguindo de perto o que já apresentou nos novos Mégane E-Tech e Austral, este novo Espace beneficia também de uma abordagem muito evoluída da vertente tecnológica, com a capacidade de ser evoluído ao longo dos tempos e interação fluída como num smartphone. Rápido a responder, o sistema de infoentretenimento OpenR Link baseia-se no Android Automotive, o que lhe garante atualidade e compatibilidade avançada com diversos sistemas, tendo a marca aliás uma série de parcerias para fortalecer a experiência conectada a bordo.
A Renault argumenta que um dos objetivos deste seu novo sistema é o de enriquecer a experiência a bordo e fomentar a segurança dos ocupantes, numa medida de aproveitamento de tempo de viagem.
A partir do ecrã central tátil de 12” (na vertical), a Renault concentra diversas tecnologias Google, com comandos por voz (reconhecimento natural), acesso à Play Store da Google com 28 aplicações (até ao momento) compatíveis, esperando-se que este número venha a crescer, como a Amazon Music, que pode ser utilizada com música de alta qualidade em parceria com o sistema de som Harman Kardon, a EasyPark ou a Waze.
Ao mesmo tempo, há já aplicações exclusivas criadas em parceria com a Renault, como a app Karacal, que permite oferecer informações consoante o local em que se viaja, tirando partido dos dados de localização.
O painel de instrumentos é digital, com um ecrã de 12.3” à frente do condutor, variável no grafismo, beneficiando ainda de tecnologia head-up display de 9” no para-brisas.
A tecnologia Multisense também está disponível, alterando os parâmetros de condução e o grafismo do painel de instrumentos, enquanto a iluminação ambiente de múltiplas cores adiciona um toque suplementar de elegância ao habitáculo.
Jogo para a família
É através de uma parceria com a produtora de videojogos Gameloft que a Espace introduz também o potencial de jogos para a família. O jogo Song Pop é novidade exclusiva da Espace, tratando-se de um concurso em que todos os membros da famílias podem jogar com mais de 140 mil títulos musicais de vários géneros e estilos em que os passageiros competem entre si em tablets ou smartphones para acertar nos autores.
Esta é a primeira experiência, de acordo com a Renault, em matéria de jogos para a família, visando criar uma experiência mais completa, assumindo que “muito mais se seguirá”.
De resto, a Espace assume-se como um “automóvel evolutivo que pode receber novos conteúdos ao longo do tempo e melhorias na funcionalidade e capacidades do veículo com o intuito de maximizar o valor do automóvel e da experiência”.
Outras potencialidades chegarão pela inteligência artificial, aplicações de gestão de frota conectada e de manutenção e seguros conectados (nalguns mercados).
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