Nos últimos anos, muitos proprietários de carros das marcas Renault, Nissan ou Dacia têm relatado problemas recorrentes com veículos que estão longe dos limites. Há um grupo no Facebook “Quebra de motores Renault-Nissan”, que conta já com mais de 4 mil membros, que entregou uma ação coletiva na justiça, esta terça-feira, contra o grupo Renault, acusado de “defeito oculto”.
O problema está nos motores a gasolina 1.2 TCE e DIG-T, que alegadamente podem ter defeitos de fabrico. Foram instalados entre 2012 e 2016 no Clio 4, Mégane 3, Kadjar e Kangoo 2 na Renault, no Duster, Dokker e Lodgy na Dacia, no Juke e Qashqai 2 na Nissan e finalmente no Citan na Mercedes.
Cerca de 400 mil veículos estariam afetados, segundo cálculos da associação ‘UFC-Que Choisir’, que já havia dado o alarme em 2019, que revelou ainda que o grupo automóvel estava ciente das questões desde 2015 e produziu notas internas sobre o assunto. Mas os carros em questão não foram recolhidos e os clientes lutam para beneficiar de compensação.
A ação, apelidada de ‘motorgate’, poderá ter as mesmas repercussões do ‘dieselgate’, que abalou a Volkswagen? Até agora, 25 denunciantes participaram na ação judicial e até 7 de março mais se poderão juntar. Christophe Lèguevaques, advogado responsável pela ação e criador da plataforma de ação coletiva Myleo, pediu à Renault “que seja responsável e enfrente as suas responsabilidades” e que concorde com negociações amigáveis. Se não for o caso, o processo vai ter início para que o grupo francês seja criminalmente considerado culpado, com pagamento de indemnização.
“A Renault sabe muito bem, venderam durante anos carros equipados com motores defeituosos, o que já é gravíssimo”, estimou Christophe Lèguevaques. Mas há pior: o perigo para os clientes e o risco de acidentes graves. Entre alguns depoimentos relatados na página dedicada à ação coletiva, um denunciante, por exemplo, relatou a paragem repentina do motor do seu Clio IV enquanto dirigia na estrada, experiência que lhe deixou “um verdadeiro trauma” .