Apontando o dedo à “rápida deterioração das condições dos mercados dos veículos elétricos”, a Ford determinou um corte na produção dos seus dois mais recentes elétricos, Explorer e Capri, que atualmente fabrica em Colónia, na Alemanha.
A notícia é avançada pelo jornal alemão Kölner Stadt-Anzeiger, que, citando um porta-voz da Ford, refere que a “rápida deterioração das condições do mercado dos veículos elétricos” obriga a uma redução na produção, tanto do Explorer, cuja comercialização na Europa está ainda numa fase inicial, como do Capri, modelo que ainda não começou a ser vendido.
Resultado desta decisão, os trabalhadores da fábrica de Colónia, na Alemanha, onde os dois modelos são produzidos, vão alternar entre uma semana a trabalhar, e outra em casa, até ao início das férias de Natal.
No entanto e também para o próprio construtor, trata-se de um rude golpe, já que, não só os dois modelos estavam em produção há apenas alguns meses, como, para que esta pudesse avançar, a Ford investiu cerca de dois mil milhões de dólares (1,8 mil milhões de euros) na conversão da própria fábrica, para poder passar a fabricar os modelos.
Entretanto e ao mesmo tempo que se vê obrigada a cortar na produção de elétricos, a Ford está obrigada a lidar com o facto de já não possuir uma gama de modelos a combustão capaz de responder ao aumento da procura por este tipo de tecnologia, no mercado europeu. Especialmente, depois de, em julho de 2023, ter colocado um ponto final na produção do best-seller Fiesta e de, ainda antes, em 2022, ter acabado com o Mondeo.
Com esta decisão, resta apenas o Focus, embora com “sentença de morte” já agendada para 2025, além do Novo Puma e do Kuga, dois modelos que, até ver, têm continuidade assegurada.
Vendas continuam a cair
Ainda assim, durante os primeiros nove meses de 2024, a quota da Ford na União Europeia, Reino Unido, Islândia, Liechtenstein e Noruega, caiu de 4,1% para apenas 3,3%, com os números da Associação Europeia de Construtores Automóveis (ACEA) a mostrarem que a marca norte-americana não foi além das 326.975 unidades vendidas, menos 18% do que no período homólogo de 2023.
Entretanto, a Automotive News Europe avança que a Ford tem já previstos cortes adicionais na produção em Colónia, para o início de 2025, fábrica que, recorde-se, tem uma capacidade máxima anual de 250 000 veículos elétricos. Valor, neste momento, claramente subaproveitado.
Como curiosidade, o site Motor1 recorda que, também nos EUA, as coisas não estão a correr bem à Ford, no que aos elétricos diz respeito, com a pick-up F-150 Lightning a registar fraca procura, tendo já obrigado ao agendamento de interrupções na produção na fábrica de Dearborn, no Michigan, para o período entre 15 de novembro de 2024 e 6 de janeiro de 2025. Ou seja, um total de sete semanas, já contabilizando as tradicionais férias de Natal e Ano Novo.