A braços com uma profunda revolução interna, a Nissan anunciou o despedimento de 12.500 trabalhadores. A marca, que sofreu a destituição do anterior Presidente Carlos Ghosn no final do último ano, está a reorganizar-se após um péssimo resultado financeiro no primeiro trimestre do exercício entre Abril de 2019 e Março de 2020.
O despedimento engloba-se num plano de recuperação, que pretende recuperar os resultados da marca. Além disso, a Nissan também está a tentar reorganizar a relação com a Renault, a sua parceria na Aliança Franco-Nipónica que ascendeu ao topo mundial das vendas. Recorde-se que as relações entre as duas marcas foram colocadas à prova depois da oferta de fusão Fiat-Renault.
Um péssimo trimestre
A Nissan já esperava que o primeiro trimestre deste ano fosse difícil, mas a realidade acabou por ser pior que o esperado. O próprio CEO Hiroto Saikawa, que anunciou as medidas, afirmou que "os resultados foram mais negativos que esperávamos".
O ponto mais negro é mesmo a queda nos lucros em 99%. Mas há mais indicadores negativos. Desde logo nas vendas, que recuaram em todas as regiões de grande importância estratégica, com exceção da China. Ao todo foram vendidos menos 6% de automóveis, num total de 1,23 milhões de unidades. E a margem operacional passou de 4% no período homólogo para apenas 0,1% no trimestre entre abril e junho deste ano.
Perda de 9% dos trabalhadores
Após já ter anunciado o despedimento de 4800 funcionários em abril, os resultados financeiros do primeiro trimestre obrigaram a reforçar as "medidas de contenção". E, assim, o total de despedimentos afeta agora para 12.500 pessoas até 2023. Isto significa que a Nissan perde cerca de 9% da atual força laboral, de 140.000 funcionários.
Os despedimentos serão divididos em duas fases. No atual ano fiscal 19-20 vão deixar a empresa 6400 trabalhadores. O impacto desta medida afeta os Estados Unidos, México, Reino Unido, Espanha, Indonésia, Japão e Índia.
Os restantes 6100 trabalhadores deixam a Nissan até ao final do plano de recuperação que termina em março de 2023. Não foram revelados os dados exatos, mas estes despedimentos serão efetuados em seis locais diferentes. A mira da marca está apontada às fábricas que operam abaixo da sua capacidade máxima, procurando assim reforçar a eficiência na produção.
Portugal não será afetado
Contatado por outros meios de comunicação, a Nissan Ibérica confirmou que Portugal não será afetado. Algo que se compreende, pois esta medida está focada na redução do número de trabalhadores na produção. Como Portugal não tem fábricas da Nissan, não se espera qualquer impacto destes despedimentos em Portugal.
A marca tem, aliás, revelado diversas novidades para o mercado nacional durante os últimos tempos. A renovação da gama do X-Trail foi a mais recente. Antes disso, também o Qashqai recebeu novos motores Diesel. E está para breve a chegada de outro trunfo, pois já começaram a surgir as primeiras fotos e informações da nova geração do crossover Juke. Além disso, também o novo Leaf tem vindo a ganhar peso, sendo um dos principais impulsionadores do crescimento na venda de veículos elétricos em Portugal.